Autoridades do Reino Unido e da União Europeia negociam nesta segunda-feira (19/10) para tentar estabelecer um marco para as negociações de um acordo pós-Brexit, que se não for alcançado pode trazer consequências devastadoras para ambas as economias.
O negociador europeu Michel Barnier e seu homólogo britânico David Frost se reunirão nesta segunda-feira para discutir o "formato" das negociações, informou a Comissão Europeia.
As negociações estão atualmente paralisadas depois que a delegação britânica se opôs a continuar as negociações até que houvesse uma "mudança fundamental na posição" dos europeus. Um porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson chegou a garantir que para Londres as negociações comerciais estavam "encerradas".
"A bola está no seu campo", insistiu domingo o ministro do governo britânico, Michael Gove, nessa disputa entre Londres e Bruxelas.
Ele acrescentou que a possibilidade de continuar as negociações permanece "entreaberta" se a UE mudar "sua posição".
O vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, reuniu-se esta segunda-feira de manhã com Gove para discutir a aplicação do primeiro acordo Brexit, alcançado em 2019 e que foi consumado no dia 31 de janeiro com a saída oficial do Reino Unido da União Europeia.
Segundo a agência Bloomberg, o governo britânico cogita desistir de alguns dos aspectos mais polêmicos do projeto de lei que viola alguns dos artigos do primeiro tratado de Brexit, o que poderia facilitar as negociações com a UE.
O anúncio deste projeto de lei indignou os líderes europeus e dificultou as negociações com Bruxelas, que abriu um procedimento de infração contra o Reino Unido.
Esta polêmica iniciativa legislativa, que será debatida nesta segunda e terça-feira na Câmara dos Lordes, também tem muitos críticos entre os britânicos.
Caso Londres e Bruxelas não cheguem a um acordo comercial, as autoridades britânicas garantem que seria assumido o "não acordo" e que as tarifas alfandegárias entre o Reino Unido e os 27 países membros da UE seriam restabelecidas, o que poderia ter duras consequências econômicas em um antigo Continente já enfraquecido pelo coronavírus.
As negociações giram em torno de três questões: o acesso dos europeus aos estoques pesqueiros em águas britânicas, as garantias exigidas por Londres em termos de concorrência e a forma como as divergências comerciais seriam resolvidas no futuro tratado.
O governo britânico vai pedir às empresas nesta semana que acelerem seus preparativos para se adaptar às novas regras alfandegárias que serão aplicadas a partir de janeiro.
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