
Entre as muitas instalações inusitadas do Burning Man, poucas dividem tanto as opiniões quanto o Domo da Orgia. Criado em 2003, o espaço dedicado a encontros íntimos consensuais se consolidou como uma das atrações mais procuradas do festival no deserto de Nevada (EUA). Neste ano, no entanto, a presença dele foi ameaçada: uma forte tempestade de areia atingiu Black Rock City no dia 26 de agosto e danificou seriamente a estrutura, com perdas estimadas em até 30 mil dólares.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
O domo
Apesar do nome, não se trata de uma única cúpula. O local é formado por tendas interligadas que ocupam aproximadamente 371 metros quadrados, decoradas com colchões, sofás, cortinas e almofadas. O ambiente é organizado pela Consensuality Incorporated, responsável por manter a proposta desde a estreia.
A missão é oferecer um espaço seguro, consensual e inclusivo. Para entrar, é obrigatório estar acompanhado e aceitar as regras de conduta. Antes da entrada, todos passam por uma rápida orientação sobre consentimento, além de checagem de identidade. Pessoas visivelmente sob efeito de álcool ou drogas são barradas.
O domo reúne 80 colchões, 34 aparelhos de ar-condicionado portáteis, 2 mil jogos de lençóis e metros de chiffon revestindo o teto. Lubrificantes em dispensers automáticos, acionados por movimento, ficam disponíveis a qualquer momento.
- Leia também: Pergaminho japonês milenar ensina a “preservar a energia vital” no sexo para prolongar a vida
O espaço é monitorado por cerca de 100 voluntários, que circulam constantemente para garantir a segurança e coibir qualquer atitude abusiva. Celulares, vídeos e fotografias são estritamente proibidos. A cada edição, estima-se que entre 5 mil e 10 mil pessoas participem da experiência — cerca de 10% do público total do festival, segundo o portal SF Gate.
Regras rígidas
Quem não respeitar as normas do domo pode ser expulso imediatamente, e, em casos mais graves, até obrigado a deixar o evento promovido pela Black Rock City. Neste ano, a estrutura foi comprometida por uma tempestade de areia, que trouxe ventos de até 80 km/h. Voluntários agora trabalham para erguer uma versão reduzida, na tentativa de manter o espaço ativo ainda nesta edição.
A modelo e influenciadora de golfe Bri Teresi relatou um episódio em que foi retirada da tenda por não participar ativamente. Em entrevista ao podcast Sex Within An Hour, ela descreveu o local como “constrangedor”, citando um “cheiro ruim” e “atos repugnantes” que presenciou. Segundo Bri, ela e outra mulher chegaram a se beijar na fila de entrada, mas, ao entrar, desistiram de participar. “Era tão nojento que ficamos apenas rindo. Então alguém disse: ‘Se você não participa, precisa ir embora’”, contou.
O Burning Man
Criado em 1986 numa praia de São Francisco, nos Estados Unidos, o Burning Man nasceu da ideia de queimar uma escultura de madeira no solstício de verão. A mudança para o deserto ocorreu em 1990, e, em 2011, os ingressos esgotaram pela primeira vez. Após dois anos de pausa por causa da pandemia de covid-19, o evento voltou a reunir dezenas de milhares de pessoas interessadas em arte, auto expressão e experimentação comunitária.
A proposta vai além de um festival de música: o Burning Man defende a autossuficiência, a criação coletiva e a convivência baseada em dez princípios. Entre eles: inclusão, desmercantilização, esforço comum, responsabilidade cívica, imediatismo e a regra de “não deixar marcas”.
Embora a atmosfera seja de liberdade, a organização alerta que leis locais continuam em vigor. Agências policiais circulam por Black Rock City, e infrações podem resultar em multas, prisões ou expulsão.
Saiba Mais
Mundo
Mundo
Mundo
Mundo
Mundo
Mundo