Durante a cerimônia de posse, Juan Carlos Florián, que exercia o cargo de vice-ministro desde abril, destacou seu compromisso com as causas sociais e a defesa das populações marginalizadas. "Com orgulho e comprometimento, assumo hoje o cargo de Ministro da Igualdade e Equidade, para continuar trabalhando em prol de populações historicamente excluídas. Reconhecemos a diferença como parte da mudança e da construção da paz", declarou o novo ministro.
Juan Florián substitui Carlos Rosero, nomeado após a saída da vice-presidente Francia Márquez da pasta - afastada por Petro após críticas internas à condução de outros ministérios. A mudança na liderança da pasta foi marcada por tensões políticas, mas também por discussões importantes sobre representatividade e preconceito.
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Uma trajetória marcada pela resiliência
Florián, de formação em ciência política, tem mais de duas décadas de experiência em organizações internacionais como Médicos Sem Fronteiras e Save the Children. No entanto, sua trajetória vai além dos currículos tradicionais do serviço público: ele foi trabalhador sexual, criador de conteúdo pornográfico e vive abertamente com HIV.
Em uma publicação nas redes sociais no início de agosto, Florián compartilhou abertamente sua história:
"Não, eu não venho da elite. Eu venho das ruas, da luta, do verdadeiro ativismo. Eu era trabalhador sexual, criava conteúdo adulto, sou HIV positivo e era migrante. Mas também sou cientista político, formulador de políticas públicas, gestor público, defensor dos direitos humanos, vice-ministro e, acima de tudo, um filho do povo que nunca esquece de onde vem".
A nomeação dele foi alvo de críticas e resistência dentro do próprio governo. Rosero, o antecessor, e a ex-ministra Márquez teriam questionado sua escolha, o que levou o presidente Petro a se manifestar em defesa do novo ministro. "Ninguém negro vai me dizer que um ator pornô deve ser excluído", afirmou o presidente em uma reunião ministerial em julho, segundo relato divulgado pela imprensa colombiana.
Da militância à liderança ministerial
Antes de entrar para o governo, Florián liderava uma organização LGBTQIAPN+ em Bogotá. Devido à visibilidade de seu ativismo, passou a sofrer ameaças de morte e se exilou em Paris. Para sobreviver na capital francesa, ele recorreu à criação de conteúdo pornográfico.
Sua história, marcada por marginalização, exílio e resistência, ganhou projeção como símbolo de inclusão e luta pelos direitos humanos. Agora, no comando de um dos ministérios mais simbólicos do governo Petro, Juan Florián representa a intersecção entre políticas públicas e vivências reais de exclusão social.
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O Ministério da Igualdade foi concebido como parte do projeto político de mudança social defendido por Petro desde sua eleição. A posse de Florián reafirma esse compromisso, embora também revele os desafios internos do governo na construção de consensos sobre diversidade, inclusão e justiça social.
*Estagiária sob supervisão do editor Benny Cohen
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