
Imagens em uma caixa de leite — dessas que a gente compra em supermercado — deixaram-me comovida nesta semana. Eram de João Rafael Kovalski, o menino desaparecido há 12 anos no Paraná. A embalagem do produto traz informações sobre o local e a data em que ele foi visto pela última vez, a idade que tinha na ocasião e a atual. Há também uma foto da época e uma projeção da aparência que teria agora — feita por inteligência artificial. Um QR code é disponibilizado para quem tiver informações que possam colaborar para encontrá-lo. "Nos ajude na busca", diz a mensagem.
A foto de João Rafael e de muitos outros desaparecidos estão sendo divulgadas dessa forma (e existem outras, como em faturas de luz e energia elétrica) para dar visibilidade ao grave problema e, claro, aumentar as chances de localização — campanha que conta com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Todos os anos, são registrados milhares de desaparecimentos. Segundo o governo federal, somente em 2024, foram feitas 81 mil notificações pelo país. Dessas, 55 mil foram solucionadas.
João Rafael desapareceu em 24 de agosto de 2013, cinco dias antes de completar 2 anos. Da última vez que foi visto, estava brincando no quintal de casa, em Adrianópolis (PR). A hipótese inicial era de que ele teria caído no rio que passa praticamente nos fundos da residência. As buscas, porém, não deram em nada.
A família sustenta que foi sequestro, mas, mesmo com a repercussão nacional do caso e a mobilização nas redes sociais, nenhum avanço houve. A luta de parentes e amigos à procura dele, porém, segue incansável. Eles cobram seguidamente as autoridades e mantêm uma página no Facebook — Todos juntos por João Rafael Kovalski —, na esperança de receberem informações sobre o paradeiro dele. No perfil, a mãe, Lorena Cristina, fala da dor da irmã gêmea de João Rafael, relembra momentos do menino com a família e do vazio que ele deixou e faz apelos comoventes.
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Uma ferida dolorosa como essa, permanentemente aberta, atormenta lares pelo país. Sofrimento que aumenta a cada aniversário, a cada data especial, a cada Natal. São muitas as pessoas em agonia pela ausência, por não saberem o que aconteceu com seus entes queridos, mas que têm em comum, também, a convicção de que jamais deixarão de lutar por eles.

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