
Hélvia Paranaguá — secretária de Educação do Distrito Federal
No Distrito Federal, levamos a sério a frase dita por Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, ao promulgar a Constituição de 1988: "A cidadania começa com o alfabeto." Ler e escrever não são apenas habilidades técnicas: são instrumentos de dignidade, autonomia e pertencimento. A alfabetização e o letramento possibilitam a vida em sociedade e a inclusão.
É com esse compromisso que o Distrito Federal vem avançando, de forma consistente, no enfrentamento do analfabetismo. Dados recentes da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o DF registra hoje a menor taxa de analfabetismo do país: 1,8%. Em 2022, conforme Censo Demográfico, nossa taxa de analfabetismo era de 2,8%.
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Podemos destacar, ainda, os dados da Pesquisa Distrital por Amostra Domiciliar (PDAD), que considera nossas 33 Regiões Administrativas. Em 2021, nosso percentual de pessoas sem escolaridade era de 4,2% e caiu, em 2024, para 1,5% da população. A PDAD é muito importante para nós pois indica exatamente onde essas pessoas estão e, consequentemente, onde precisamos ofertar alfabetização.
Esse resultado torna-se ainda mais relevante quando observamos o cenário brasileiro como um todo. O avanço do DF não é por acaso. É fruto de uma política pública contínua, estruturada e comprometida com a inclusão educacional de quem, por diferentes razões, não teve acesso à escola.
A Secretaria de Estado de Educação do DF mantém uma rede robusta e descentralizada de oferta de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nos últimos anos, ampliamos o número de instituições educacionais ofertantes, de 92 para 106 escolas, exatamente para garantir que a escola esteja mais próxima de quem precisa dela. No primeiro semestre, atendemos 22.045 estudantes e, neste segundo semestre de 2025, são cerca de 18 mil estudantes, totalizando mais de 40 mil matriculados na EJA, com destaque para a EJA no sistema prisional, que tivemos um aumento de 40% da oferta, de 2024 para 2025, passando de 111 para 148 turmas.
Mas sabemos que, para algumas pessoas, especialmente pessoas idosas e populações em situação de alta vulnerabilidade, o acesso à escola ainda é cheio de obstáculos. É por isso que mantemos o Programa DF Alfabetizado, que leva a alfabetização diretamente às comunidades, abrindo turmas em espaços próximos à realidade dos estudantes. No segundo semestre de 2025, foram abertas 64 turmas pelo programa, e nossa meta é chegar a até 200 turmas em 2026, ampliando significativamente o alcance da política.
Também estamos em diálogo com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF para levar a escolarização a casas de acolhimento, hotéis sociais e outros equipamentos públicos que atendem pessoas em situação de maior fragilidade. A alfabetização precisa chegar onde o cidadão está. Esse é um passo decisivo para que possamos, de fato, consolidar o Distrito Federal como um território livre do analfabetismo.
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Para facilitar o acesso e a permanência dos estudantes, a EJA no DF permite matrícula em qualquer momento do ano, diretamente na escola, sem exigência de documentação escolar prévia. Além disso, oferecemos condições concretas para que o estudante permaneça estudando: jantar, uniformes, passe livre e participação em todos os programas da educação pública, professores especialistas em alfabetização de adultos, que estão em constante formação continuada, pois temos o privilégio de termos uma escola de formação de professores no DF.
Alfabetizar é reconhecer o valor de cada pessoa. É devolver autoestima, abrir portas para o trabalho, para a convivência social e para o exercício pleno da cidadania. Quando dizemos que a educação do Distrito Federal não deixa ninguém para trás, é disso que estamos falando. De crianças, jovens, adultos e pessoas idosas que têm o direito de aprender, de sonhar e de escrever a própria história.
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