Agenda internacional

Bolsonaro assina acordos na Guiana e elogia Petrobras: "Gigante"

Em Georgetown, ao lado do presidente Mohamed Irfaan Ali, Bolsonaro assinou acordos nas áreas de energia, comércio e investimentos, infraestrutura, defesa e segurança

Ingrid Soares
postado em 06/05/2022 19:10 / atualizado em 06/05/2022 19:11
 (crédito: Reprodução / TV Brasil)
(crédito: Reprodução / TV Brasil)

Em visita à Guiana, O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (6/5) que a Petrobras é uma “gigante” do setor de gás e óleo. A declaração ocorre horas após o chefe do Executivo ter dito em live que os lucros da estatal são um "estupro". Em Georgetown, onde encontrou-se com o presidente Mohamed Irfaan Ali, Bolsonaro também assinou acordos nas áreas de energia, comércio e investimentos, infraestrutura, defesa e segurança.

Em declaração conjunta, Irfaan Ali referiu-se a Bolsonaro como “meu caro amigo”. Já o líder do Palácio do Planalto agradeceu ter sido chamado de amigo afirmando que “a recíproca é verdadeira” e que possui um estilo semelhante ao do presidente da Guiana.

"Foi uma reunião bastante produtiva. O meu estilo e o presidente da Guiana são muito parecidos. Nós queremos é objetividade. Criar logo grupos de trabalhos para as soluções começarem a aparecer. A Guiana, nossa vizinha, diretamente com o estado de Roraima, muito nos interessa para darmos o pontapé inicial”, disse, em referência a um possível corredor rodoviário entre Boa Vista (RR) e Georgetown.

O país descobriu em 2015 reservas de petróleo, começou a extração em 2019 e, desde então, busca parceiros para aumentar a produção diária de barris.

“Na questão de óleo e gás, temos uma gigante brasileira chamada Petrobras, que cada vez mais se torna uma realidade para cooperar com a Guiana. Trouxemos para tal o nosso ministro das Minas e Energia [Bento Albuquerque], que debateu o assunto com muita profundidade”, completou.

No encontro, Bolsonaro ainda defendeu que o Brasil será, em breve, exportador de trigo.

"Na questão da agricultura, fomos até além na reunião reservada. Falamos que o Brasil, em poucos anos, vai se tornar mais que autossuficiente, passará a exportar trigo para o mundo, inclusive com cultivo aqui, no estado vizinho de Roraima. É um caso que salta aos olhos, tendo em vista o clima, mas a tecnologia, desenvolvida pela nossa Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), já é uma realidade aqui no estado vizinho".

“Nossa passagem por aqui foi muito gratificante para os dois países e para os nossos povos. A Guiana tem um grande futuro pela frente, em especial pelo seu potencial de óleo e gás, bem como na maneira como o seu governo se relaciona com o nosso Brasil. Somos parceiros. Tenho certeza que brevemente frutos serão colhidos dessa nossa passagem por aqui”, finalizou.

Grupo de trabalho bilateral

Em nota conjunta, os países apontaram ter decidido estabelecer um grupo de trabalho bilateral com o objetivo de avaliar os potenciais benefícios de um corredor rodoviário Boa Vista-Georgetown em matéria de fluxos de comércio e de investimentos, bem como de identificar possíveis necessidades de assistência técnica e possíveis parceiros privados e instituições financeiras internacionais que possam contribuir para a iniciativa. E acordaram implementar, até o terceiro trimestre de 2022, as medidas necessárias para viabilizar o acordo de transporte rodoviário internacional de passageiros e cargas Brasil-Guiana.

Também declararam ter concluído as negociações sobre acordos relacionados à transferência de pessoas condenadas e a cooperação entre as polícias dos dois países. A expectativa é de que os atos sejam “assinados em breve pelas autoridades competentes”.

Guerra na Ucrânia

Os dois presidentes expressaram profunda preocupação com a situação de guerra na Ucrânia e fizeram chamamento a um cessar-fogo, à resolução pacífica do conflito e ao respeito ao Direito Internacional, incluindo os princípios de não-intervenção, integridade territorial e proibição de ameaça ou uso da força.

“Os dois chefes de Estado também defenderam uma solução diplomática para enfrentar os crescentes desafios humanitários no terreno. Expressaram ainda preocupação em relação aos impactos econômicos e sociais do conflito, incluindo os efeitos de sanções, sobre a segurança alimentar no mundo em desenvolvimento”, informou o Itamaraty.

Energia

No setor de energia, os países abriram espaço para ampliação da agenda bilateral em matéria de cooperação energética, incluindo aspectos ambientais. Manifestaram interesse em fortalecer o intercâmbio de informações entre os dois países sobre os respectivos planos nacionais de energia, a troca de experiências em matéria regulatória no setor de petróleo e gás, bem como a colaboração na prevenção de acidentes por derramamento de petróleo. O presidente Ali reiterou o convite da Guiana a investimentos brasileiros no setor de energia.

Houve ainda a ratificação da importância da colaboração no campo da interconexão elétrica entre Brasil, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, e incentivaram o Banco Interamericano de Desenvolvimento a prosseguir com a nova fase dos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, no âmbito do Memorando de Entendimento assinado em 2019 por aquela instituição e empresas de energia dos países interessados.

Na área de segurança, os presidentes reconheceram a necessidade de contínua e ampliada colaboração e diálogo em questões de segurança, tendo em vista as crescentes ameaças representadas pelo crime organizado transnacional, como tráfico de drogas, tráfico de pessoas, corrupção e mineração ilegal.

Acompanharam o chefe do Executivo o ministro das Relações Exteriores, Carlos França; o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP); o ministro da Agricultura, Marcos Montes; além do secretário especial de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha. Já o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, que estava previsto na comitiva, acabou não viajando de última hora.

A viagem do presidente à Guiana deveria ter ocorrido em janeiro, mas foi cancelada por conta da morte da mãe de Bolsonaro, Dona Olinda, aos 94 anos.

Apesar do retorno de Bolsonaro ao país ainda hoje à noite, como trata-se de uma viagem internacional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), assumiu temporariamente a presidência da República. Isso porque o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também cumprem agendas internacionais e concorrerão a cargos nas eleições. O general está no Uruguai e Lira, nos Estados Unidos.

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