Eleições 2022

Candidatura do União Brasil patina e enfraquece o debate político

Falta de estruturação para plano de governo mostra indícios de que Luciano Bivar utilizará sua candidatura para negociar apoio em um eventual segundo turno, analisam debatedores em sabatina nesta terça-feira (31/5). Convidado, pré-candidato não compareceu

Tainá Andrade
postado em 31/05/2022 18:14
 (crédito: Minervino Júnior)
(crédito: Minervino Júnior)

Na ausência do pré-candidato Luciano Bivar (União Brasil), na sabatina do Correio com os pré-candidatos à Presidência deste ano, realizada nesta terça-feira (31/5), os debatedores questionaram a viabilidade da continuidade do União na campanha eleitoral e concordam que a candidatura está patinando frente às demais.

O ponto principal para a afirmação é que, até o momento, Bivar não apresentou ao menos um esboço do plano de governo. Para a colunista Samantha Sallum, a ausência do candidato na sabatina de hoje pode ter relação com a desestruturação do programa da legenda, o que contribui para que o presidenciável não tenha propostas objetivas e definidas para discutir.

A jornalista acredita que o candidato não mostrou a que veio, apesar de possuir diversos trunfos, como maior tempo de TV e alta quantia acumulada para gastar na campanha; além dos palanques em diretórios estratégicos, com Wilson Lima (AM) e ACM Neto (BA).

“O fracasso do União Brasil na terceira via, independentemente do nome que vencesse, limita o debate político no Brasil. Contribuiu para consolidar a polarização e todos reconhecem que isso é ruim, porque simplifica o debate, torna raso e agressivo. Isso não é bom para ninguém. Com o fundo partidário que tem, ele poderia e deveria estar fazendo muito mais”, opinou Carlos Alexandre de Souza, editor de Política do Correio.

Previsões

Editor de primeira página do jornal, Marcelo Agner aposta que a definição do partido na disputa eleitoral virá entre um e dois meses, quando o União Brasil partirá para a negociação do seu apoio e patrimônio com outros candidatos — possivelmente apoiará Jair Bolsonaro (PL) já que Bivar possui um histórico político com o presidente. Foi Bivar quem ofereceu a legenda pela qual o chefe do Executivo foi eleito em 2018.

“Classifico como um cacique político [Bivar]. Ele traça a política de cada legenda com os seus objetivos políticos. Colocou a cara como candidato ao ver que havia uma indefinição grande da terceira via. Para mim, ele está segurando a estrutura do UB para que o patrimônio não se perca em apoios repartidos pelo Brasil inteiro, então puxou a responsabilidade para ele”, explicou.

Mais cedo, nesta terça-feira, em entrevista à rádio do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, Bolsonaro manifestou o desejo de se unir ao UB. "O presidente do partido tem um sonho, como ele tinha comigo lá atrás, de ser candidato a vice. Agora, ele se arvora a ser candidato a presidente. Eu gostaria, sim, de ter o União Brasil comigo", declarou o chefe do Executivo.

Isso reforça a tese dos debatedores de que o foco de Bivar está em priorizar as eleições, alianças e acordos no Congresso Nacional. Porém, para Carlos Alexandre, a trajetória poderá levar a um caminho arriscado.

“É um partido que tende a encolher com as eleições majoritárias, a prioridade parece ser para as eleições do Congresso. É um fenômeno que ocorre também com o PSDB, [João] Doria teve que abrir mão de sua candidatura porque a cúpula nacional tinha outros interesses, mas perdeu a oportunidade de se projetar nacionalmente. Acho que o UB corre o risco de cair nesse terreno movediço que se torna o Congresso na hora em que as legendas vão negociar”, concluiu.

Sabatina

O Correio recebe os pré-candidatos à Presidência nesta terça-feira para uma sabatina, na sede do jornal. Cada participante terá em torno de 50 minutos para responder perguntas sobre temas que interessam à toda a sociedade, como situação da economia, trabalho, direitos, segurança pública, saúde e educação. O evento está sendo transmitido ao vivo pelo site e por todas as redes sociais do jornal.

Confira a ordem de participação:

  • 10h - Jair Bolsonaro (PL) — (não compareceu)
  • 11h - Vera Lúcia (PSTU)
  • 12h - Ciro Gomes (PDT)
  • 14h - Felipe D'Avila (Novo)
  • 15h - Luciano Bivar (União Brasil) — (não compareceu)
  • 16h - Sofia Manzano (PCB)
  • 17h - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — (não compareceu)
  • 18h - Pablo Marçal (Pros)
  • 19h - Simone Tebet (MDB)

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