
Em entrevista exclusiva ao Correio, nesta quinta-feira (5/2), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) defendeu a anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, afirmando que existe um tratamento desigual na aplicação das penas. Segundo ele, as punições impostas aos envolvidos nos atos que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília são desproporcionais e têm motivação política.
“A esquerda já cansou de fazer baderna aqui no Congresso, de quebradeira. Na época do Temer, por exemplo, e até quando Bolsonaro foi eleito, os Black Blocs destruíram a Avenida Paulista e não aconteceu absolutamente nada com essas pessoas”, afirmou o deputado.
Ferreira destacou que não defende impunidade, mas argumenta que existe seletividade nas decisões judiciais. “Todo criminoso tem que pagar pelos seus atos, não estou defendendo passar a mão na cabeça de ninguém, mas os baderneiros do 8 de janeiro estão pagando um preço por estarem de verde e amarelo. Se eles estivessem de vermelho, não teriam pegado penas de até 17 anos", argumenta.
O parlamentar citou o caso do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, condenado a mais de 400 anos de prisão por corrupção, mas que atualmente está em liberdade. “Você vê agora o Sérgio Cabral, que foi condenado a mais de 400 anos, fazendo um videozinho falando sobre política na sacada do prédio dele, numa cobertura, dentro da piscina. As coisas estão completamente invertidas hoje.”
Atualmente, tramitam no Congresso projetos que buscam conceder anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, incluindo o PL 2858/22, do deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), e o PL 5.064/23, do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). A proposta mais ampla defende o perdão não apenas das penas, mas também de multas aplicadas, enquanto o projeto de Mourão busca anistiar apenas determinados crimes.
Para o deputado, a pacificação do país passa pela revisão das condenações. “Isso é importante para essas pessoas, até mesmo porque poderia ser seu pai, sua mãe, que veio aqui no efeito manada. Muitos que entraram sequer cometeram crime ou quebraram algo e estão pagando um preço por conta de um revanchismo político do ministro Alexandre de Moraes.”
A anistia aos presos do 8 de janeiro será pautada de maneira imparcial, de acordo com o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. No Congresso Nacional, partidos de direita como o Partido Liberal (PL) consideram as penas excessivas, já partidos de esquerda como o Partido dos Trabalhadores (PT), consideram os atos uma grave ameaça à democracia e não podem ser perdoados.
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