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Soraya pede retirada de Ciro da CPI das Bets após revelações sobre jatinho de investigado

Relatora solicita substituição do senador por viagem a Mônaco em aeronave de empresário investigado pela comissão

Relatora da CPI, Soraya Thronicke (Podemos-MS), em pronunciamento, ao lado do presidente da comissão, Dr. Hiran (PP-RR)

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado     -  (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)
Relatora da CPI, Soraya Thronicke (Podemos-MS), em pronunciamento, ao lado do presidente da comissão, Dr. Hiran (PP-RR) Foto: Geraldo Magela/Agência Senado - (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, solicitou nesta terça-feira (27/5) a substituição do senador Ciro Nogueira (PP-PI) da comissão parlamentar. A medida foi tomada após revelações da imprensa nacional de que o parlamentar viajou recentemente a Mônaco em um jatinho pertencente a Fernando Oliveira Lima, empresário investigado pela CPI por sua atuação no setor de apostas on-line.

Soraya argumenta que a ligação compromete a imparcialidade e a credibilidade dos trabalhos investigativos.

“Eu devo tocar nesse assunto, mesmo contra a minha vontade”, começou a senadora. “Um dos membros desta CPI, que está aqui entre nós, tem relação de amizade muito forte com o maior investigado dessa comissão.” Ela informou ainda ter protocolado pedido de substituição do senador junto à liderança de seu bloco, com base na necessidade de preservar a integridade da investigação.

A relatora citou reportagens da revista Piauí e do jornal Folha de S.Paulo como fundamento para seu requerimento. “Nas asas do tigrinho”, ironizou, ao mencionar o título da matéria de uma das publicações, que relata o uso do jatinho de Fernando Lima por Ciro Nogueira. “A Folha também foi clara: senador viaja à Europa em aeronave de empresário alvo da CPI.” Soraya argumentou que tais condutas levantam sérias dúvidas sobre a isenção do parlamentar.

Embora o Regimento Interno do Senado não contemple mecanismos claros de suspensão de parlamentares em CPIs, Soraya citou dispositivos do Código de Processo Civil e do Código de Processo Penal que tratam de impedimento e suspeição de juízes e membros do Ministério Público. Ela defendeu a aplicação analógica desses princípios ao trabalho legislativo, com base no artigo 37 da Constituição, que trata da impessoalidade no serviço público.

“Não estou acusando ninguém de crime, mas a situação exige um gesto de responsabilidade”, disse a senadora. Segundo ela, o ideal seria que o próprio parlamentar pedisse afastamento da CPI. “Seria mais elegante, mais moral”, afirmou. Entretanto, diante da urgência dos prazos da comissão, a relatora decidiu se antecipar. “Não vamos esperar, precisamos preservar a integridade institucional do Congresso.”

Soraya concluiu sua fala com um apelo à sociedade brasileira. Disse compreender a indignação popular com escândalos envolvendo a política, mas reforçou que o Parlamento precisa resgatar a confiança da população. “Não somos peso, devemos ser solução”, declarou.

A expectativa agora é que a liderança do bloco partidário se manifeste sobre o pedido de substituição de Ciro Nogueira, que ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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postado em 27/05/2025 12:08 / atualizado em 27/05/2025 12:10
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