
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (14/7), em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), que o general da reserva Mario Fernandes adotava posturas cada vez mais extremas no fim da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o militar, Fernandes procurava Bolsonaro pessoalmente e atuava para disseminar ideias golpistas entre oficiais da ativa e da reserva.
De acordo com Cid, Fernandes influenciava outros militares por meio de mensagens que circulavam em grupos fechados de WhatsApp. “Ele procurava o presidente, estava sempre com uma visão mais, digamos assim, radical da das ações”, declarou.
O ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, relatou ainda que as posições do general reverberavam amplamente entre integrantes das Forças Armadas. “Ele estava bem ostensivo, bem acintoso nas ideias dele, escrevendo coisa no WhatsApp, mandando mensagem para generais. Então, ele não estava simplesmente falando com o presidente. Isso estava reverberando, de certa forma, em grupo de WhatsApp de outros militares”, contou.
Cid detalhou ainda que o general incentivava uma postura mais agressiva por parte do alto comando do Exército. Segundo ele, Fernandes sugeria que os chefes militares ou o próprio presidente adotassem medidas de ruptura institucional. “Ele incentivava ações mais radicais por parte do comando do Exército. É isso que eu sei, que ele advogava que os comandantes de Forças deveriam tomar uma ação mais enérgica, como uma assinatura de um documento, um decreto, ou por iniciativa das Forças Armadas ou pelo presidente”, reforçou.
Durante o depoimento, o advogado Marcos Vinícius Figueiredo, defensor de Mario Fernandes, tentou questionar Mauro Cid sobre o grau de influência do general dentro do Exército, mas foi impedido pelo ministro Alexandre de Moraes. O relator da ação rechaçou a linha de argumentação da defesa. “Eu respondo ao senhor, não sendo militar. Não será um tenente-coronel que vai saber a importância de um general em relação a outro general”, afirmou Moraes, cortando a pergunta.
“Punhal Verde e Amarelo”
Mario Fernandes é réu no STF por integrar o núcleo operacional da suposta tentativa de golpe de Estado. Ele é autor do documento conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, que detalharia um plano para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A defesa admite que Fernandes redigiu o texto, mas alega que o material nunca foi entregue oficialmente a nenhuma autoridade.
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