
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) criticou a mobilização dos parlamentares da oposição que ocupam, desde ontem, as mesas diretoras da Câmara e do Senado, impedindo o início das sessões no Congresso Nacional. O protesto, que segue com revezamento de parlamentares contrários ao governo, ocorre em resposta à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo Supremo Tribunal Federal, e é acompanhado de exigências como anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
“É lamentável e é uma atitude contra a democracia e o Parlamento. A presença e a atividade parlamentar é de uso da palavra. Tentar impedir o uso da palavra é uma atitude autoritária que não pode ser aceita de forma alguma pela população brasileira”, afirmou Rosário em entrevista ao Correio.
Nesta quarta-feira (6), uma reunião de líderes está prevista com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir os próximos passos diante da obstrução. A deputada disse não acreditar que o comando da Casa ceda às pressões.
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“O presidente Hugo Motta não deve, de forma alguma — eu diria que ele não vai — se submeter a qualquer chantagem. Ele representa algo muito maior, que é um poder da República. E, portanto, nós precisamos deixar o Poder Judiciário fazer o seu trabalho. Nós fazemos o nosso trabalho como Legislativo. As imputações a Jair Bolsonaro se dão por crimes previstos no Código Penal. É com base no Código Penal que ele responde", afirmou Maria do Rosário.
Para Rosário, o pedido de anistia apresentado pela oposição não faz sentido diante da ausência de decisões judiciais definitivas. “É uma situação absurda. O pedido de anistia é feito como se houvesse uma condenação já posta, como se os próprios parlamentares assumissem que houve um crime. Eles agem como se estivessem condenados, ao invés de centrarem seu esforço em demonstrar que não tentaram abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, que não tentaram um golpe contra a democracia, que não organizaram uma quadrilha armada e nem planejaram o assassinato do presidente Lula ou do vice Alckmin. Ou seja, isso é um caso agora de polícia e de Justiça.”
A deputada também comentou o clima entre os partidos que compõem a base governista e a expectativa sobre a duração da obstrução. “A base avalia que eles devem continuar tentando obstruir. Há um certo desespero nisso, do mesmo tamanho do que é hoje, por exemplo, Eduardo Bolsonaro ameaçar o Brasil lá dos Estados Unidos. Então, são ações concatenadas que só reforçam a ideia de que o PL deixou de ser um partido para ser uma quadrilha.”
Questionada sobre o discurso da oposição em defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, Rosário rebateu: “Não há nenhuma razoabilidade em tentar retirar um ministro ou um juiz, qualquer que seja, porque alguém não concorde com a decisão que ele toma. É da natureza do Judiciário tomar decisões, mesmo que as pessoas não concordem, com base na lei. É isso que está sendo feito.”
Sobre uma possível manifestação oficial do governo federal a respeito do protesto ou dos ataques ao ministro Moraes, a parlamentar foi direta: “Não, eu creio que não”.
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