Guerra comercial

Lula descarta reciprocidade contra EUA: "Não quero ter mesmo comportamento"

Presidente aposta nas negociações com Donald Trump sobre tarifaço. Lei de Reciprocidade prevê ao Brasil adotar contramedidas comerciais e diplomáticas frente a barreiras impostas por outros países

"A nossa relação com o povo americano é boa, eu tenho boa relação com o movimento sindical dos Estados Unidos. Esses são os sinais que eu quero dar", justificou Lula - (crédito: EVARISTO SA/AFP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou nesta quarta-feira (6/8) a possibilidade de o Brasil agir com reciprocidade em resposta ao 'tarifaço' de 50% a diversos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.

Iniciada hoje, a sobretaxa anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, teve como justificativa críticas à forma como o ex-presidente réu por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro (PL), vem sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Não vou taxar (produtos norte-americanos importados pelo Brasil) porque não quero ter o mesmo comportamento que ele (Trump). Quero mostrar a ele que quando um não quer, dois não brigam", afirmou o petista, em entrevista à Reuters

Embora essa declaração de Lula aponte para a hipótese de que o presidente não cogite usar a Lei de Reciprocidade contra os EUA, interlocutores do Planalto ressaltaram que essa medida só será usada em último caso, após todas as tentativas de negociação e de ações de organismos mundiais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo o chefe do Executivo, as intenções do Brasil devem seguir uma relação civilizada com os Estados Unidos. "A nossa relação com o povo americano é boa, eu tenho boa relação com o movimento sindical dos Estados Unidos. Esses são os sinais que eu quero dar", justificou.

Negociações e recursos na OMC

Na entrevista, o presidente também reforçou o interesse brasileiro em negociar por vias diplomáticas e negou que ligaria para Donald Trump. "Estamos com os melhores negociadores. Não tenho porque ligar para Donald Trump", disse.

"Um presidente da república não pode ficar se humilhando, eu respeito todos os presidente e eu quero respeito", enfatizou. Quanto ao uso de órgãos globais para lidar com o tarifaço, Lula afirmou que a OMC será acionada caso as negociações não sigam adiante.

"A expectativa de que nós vamos resolver nas negociaçoes. (Caso não resolva) Nós temos a OMC que podemos entrar com recurso", avisou. O governo brasileiro acionou a OMC contra a sobretaxa imposta pelos Estados Unidos ao Brasil.

O pedido de consultas é o primeiro passo para que a OMC avalie se a taxação viola regras internacionais de comércio. “Ao impor as citadas medidas, os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização”, escreveu o Itamaraty, em nota.

“As consultas bilaterais, concebidas para que as partes busquem uma solução negociada para a disputa antes do eventual estabelecimento de um painel, são a primeira etapa formal no âmbito do sistema de solução de controvérsias na OMC”, acrescentou.

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postado em 06/08/2025 17:01 / atualizado em 06/08/2025 20:35
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