TRAMA GOLPISTA

Moraes será "duro e contundente" em voto, avalia advogado

O advogado e analista político Melillo Dinis afirma ainda que discurso de Gonet deixa lacunas que podem ser exploradas pelas defesas

Para o analista, discurso de Moraes deu indicativos de como deve ser o voto dele no julgamento da Ação Penal 2668, que julga tentativa de golpe de Estado. -  (crédito: Reprodução/Reuters)
Para o analista, discurso de Moraes deu indicativos de como deve ser o voto dele no julgamento da Ação Penal 2668, que julga tentativa de golpe de Estado. - (crédito: Reprodução/Reuters)

Na tarde desta quarta-feira (3/9), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou a primeira semana de julgamento do chamado Núcleo 1 da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus. Até o momento, já discursaram o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e a defesa dos oito réus. 

O advogado e analista político Melillo Dinis avalia que o discurso de Moraes deu indicativos de como deve ser o voto dele no julgamento da Ação Penal 2668, sobre a tentativa de golpe de Estado. “Na minha avaliação, ele será duro, contundente e o risco de uma punição no máximo das penas é muito grande”, avalia. 

Para Dinis, o discurso de Gonet, que sucedeu Moraes na ordem das falas, “fez uma análise muito detalhada, mas ainda não conseguiu superar todas as lacunas existentes na acusação”. “Há ali necessidade de maior substância”, explica o advogado, o que pode ser  explorado pelas defesas.

Durante os discursos, os advogados dos oito réus apontaram supostas falhas nos autos. Um dos argumentos mais defendidos por alguns deles foi a falta de provas contra o cliente. Segundo Dinis, as defesas se centraram em uma “argumentação voltada para determinar a exclusão quase total de seus clientes, dentro de uma lógica de que não houve prova”. 

“De todo modo, é importante continuar acompanhando porque serão dias tensos e também dias de muita compreensão do papel da democracia e do que se deve fazer quando a democracia é atacada”, pontua. “Sempre garantindo a todos os acusados o devido processo legal, a ampla defesa e ao contraditório”. 

Próximos passos

Com a conclusão das sustentações orais das defesas, o julgamento parte para a etapa de votação. A próxima sessão está marcada para terça-feira (9/9) e deve começar com o voto do relator.

Depois de Moraes, os votos devem seguir a ordem crescente de antiguidade na Corte. O ministro Flavio Dino é o primeiro a votar, seguido de Luiz Fux e Cármen Lúcia. Cristiano Zanin é o último na votação, já que preside a Primeira Turma. 

Caso algum dos ministros faça um pedido de vista, que significa mais tempo para análise do caso, o processo pode ser pausado em até 90 dias. Caso os magistrados decidam pela condenação, o colegiado deve fixar a pena de acordo com as normas técnico-jurídicas. 

  • Google Discover Icon
postado em 03/09/2025 18:09
x