CPMI do INSS

Ex-presidente do INSS diz à CPMI que desconhecia fraudes

Ahmed Mohamad Oliveira depõe como testemunha; sigilos de outros envolvidos no esquema de descontos irregulares são quebrados pelo colegiado

Oliveira alegou não lembrar do ofício recebido da Procuradoria -  (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)
Oliveira alegou não lembrar do ofício recebido da Procuradoria - (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes contra aposentados e pensionistas ouve, nesta quinta-feira (11/9), o ex-presidente do INSS e ex-ministro do Trabalho e Previdência José Carlos Oliveira, atualmente conhecido como Ahmed Mohamad Oliveira por motivos religiosos.

Servidor de carreira desde 1985, ele comandou o instituto entre novembro de 2021 e março de 2022, antes de assumir a pasta no governo Jair Bolsonaro (PL), em substituição a Onyx Lorenzoni.

Citado em investigações da Polícia Federal, Oliveira foi apontado como ligado a integrantes da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), entidade investigada por descontos indevidos em benefícios. 

Apesar da citação, ele não é alvo da Operação Sem Desconto e compareceu à comissão na condição de testemunha. Questionado pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que só teve conhecimento do problema após a deflagração da operação.

Durante o depoimento, Oliveira disse que não chegou a informar o então presidente Jair Bolsonaro sobre denúncias de irregularidades porque, segundo ele, desconhecia o caso. 

Ele afirmou ainda que sua missão no comando do INSS era reduzir a fila de pedidos de benefícios, que somava milhões de processos. 

“[Bolsonaro] me pediu que continuasse o trabalho, que cuidássemos da fila, da prova de vida e do combate ao trabalho análogo à escravidão”, declarou.

Além de sua trajetória na gestão previdenciária, Oliveira disputou as eleições municipais de 2024 como candidato a vereador pelo PSD, mas não se elegeu. Documentos da PF citam repasses do empresário José Arnaldo Bezerra Guimarães à campanha dele. Após deixar o ministério, atuou como assessor parlamentar dos deputados federais Marcio Alvino (PL-SP) e, brevemente, de Baleia Rossi (MDB-SP).

Sigilo quebrado 

Na mesma sessão, a CPMI aprovou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como facilitador do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas. Convocado a depor, ele é aguardado no colegiado na próxima segunda-feira (15).

Também tiveram os sigilos quebrados Alessandro Stefanutto, afastado da presidência do INSS após ser atingido por operação da PF, e Danilo Trento, suspeito de atuar junto ao ex-procurador-geral do instituto, Virgílio de Oliveira Filho. Stefanutto havia sido indicado ao cargo pelo ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que deixou o governo após o avanço das apurações.

Os requerimentos que pediam a transferência de dados fiscais e bancários de Lupi foram retirados da pauta.

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postado em 11/09/2025 13:26
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