INSS

Fraude no INSS: CGU identificava riscos de irregularidades desde 2019

Ministro Vinicius Marques de Carvalho disse que tomou ciência do problema em 2024, mas área técnica já monitorava denúncias

 Entrevista com Vinicius Marques de Carvalho, ministro da Controladoria Geral da União (CGU). -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
Entrevista com Vinicius Marques de Carvalho, ministro da Controladoria Geral da União (CGU). - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, declarou nesta quinta-feira (2/10) que só tomou conhecimento direto dos descontos irregulares em aposentadorias e pensões em março de 2024. Segundo ele, a percepção ocorreu após pedidos da imprensa, por meio da Lei de Acesso à Informação, questionarem a prática.

Apesar disso, Carvalho afirmou que a área técnica da CGU já acompanhava o tema desde 2019, ainda no governo de Jair Bolsonaro. “Desde 2019, foram mais de 11 reuniões daquele grupo de trabalho que discutia descontos associativos”, destacou o ministro, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o esquema de descontos ilegais no INSS.

De acordo com o ministro, técnicos da Controladoria identificaram dois pontos de atenção: denúncias de beneficiários sobre cobranças indevidas e o crescimento expressivo dos valores descontados ao longo dos anos. Ele frisou que, embora houvesse indícios, a real dimensão da fraude só ficou clara em 2024. “O que não se sabia era a magnitude do problema”, afirmou.

Carvalho explicou que parte do aumento no número de descontos entre 2022 e 2023 decorreu da execução do plano de auditorias herdado do governo anterior. “Cheguei à CGU em 2023. O plano de auditoria é como o Orçamento: o governo herda a programação aprovada no ano anterior. Nós executamos o de 2022 em 2023, e o primeiro plano feito pela nossa gestão só foi elaborado naquele ano”, disse.

O ministro também comentou sobre a multiplicação de entidades que firmaram acordos de cooperação com o INSS para realizar os descontos. Segundo ele, essa ampliação preocupava a CGU quanto à seriedade e à legitimidade de algumas associações envolvidas.

Questionado sobre críticas de que relatórios da CGU teriam omitido informações relevantes, Carvalho argumentou que o sigilo é necessário em algumas circunstâncias para não comprometer investigações. “Existem imperativos legais que justificam a confidencialidade de determinados dados”, ressaltou.

Por fim, ele garantiu que os relatórios foram publicados integralmente após as operações da Polícia Federal. “Com a deflagração das investigações, não havia mais razão para manter nenhum dado em sigilo”, concluiu.

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postado em 02/10/2025 20:00
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