Funcionalismo

Governo descarta novo Concurso Unificado em 2026

Em entrevista ao programa Bom dia, Ministra, Esther Dweck afirmou que, para o próximo ano, está prevista a convocação de excedentes de outros concursos em andamento

Rafaela Bomfim
postado em 02/10/2025 03:29
 Dweck afirmou que prentende consolidar o CPNU como permanente -  (crédito:  Joédson Alves/Agência Brasil)
Dweck afirmou que prentende consolidar o CPNU como permanente - (crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)

Às vésperas da realização das provas da segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), no próximo domingo, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, alertou que não haverá nova chance em 2026. Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, do CanalGov, ela informou que o ano que vem será destinado à convocação de aprovados e de excedentes de seleções já em andamento.

"Não há previsão de um novo Concurso Público Nacional Unificado. O que está programado para 2026, já incluído no nosso Orçamento, é a convocação de excedentes de diferentes concursos em andamento, incluindo a própria chamada da segunda edição do CNU", afirmou Dweck.

A primeira chamada dos aprovados no CNU 2025 está marcada para 20 de fevereiro. De acordo com a ministra, haverá três convocações para confirmar o interesse dos candidatos, e a lista definitiva deve ser publicada em 16 de março.

Além do certame unificado, o governo pretende autorizar a convocação de excedentes da Polícia Federal e de outros concursos federais ainda vigentes. "Nosso objetivo é consolidar esse processo como política permanente, independentemente de quem estiver no comando em 2027", disse.

Dweck destacou que a execução do concurso passou a ser responsabilidade da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em parceria com o ministério. "Esse processo e o conhecimento de como aplicar a prova estarão com a Enap. Assim, em 2027, haverá condições de realizar uma nova edição, desde que haja autorização para novas vagas", explicou.

O CNU deste ano oferece 3.652 vagas em 32 órgãos e entidades, com salários que variam de R$ 4 mil a R$ 16,4 mil. No domingo, será aplicada a prova objetiva, às 13h, e a discursiva está prevista para 7 de dezembro.

A logística envolve a participação de 85 mil pessoas, entre fiscais, aplicadores e equipes de segurança. O esquema foi montado em parceria com a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, polícias estaduais e Corpo de Bombeiros. "O mais importante é que a prova chegue com segurança a cada sala, garantindo a idoneidade do processo seletivo", afirmou a ministra.

Mais de 760 mil candidatos tiveram inscrição confirmada. Os locais de prova estão disponíveis no site da Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pela organização. A recomendação é levar documento oficial com foto, caneta transparente de tinta azul ou preta e o cartão de confirmação de inscrição.

A ministra também lembrou que muitos erros em 2024 ocorreram por falta de atenção às instruções. "É essencial que os candidatos leiam a folha de rosto e preencham corretamente todos os campos do cartão de respostas", destacou.

Para especialistas, a reta final deve ser dedicada à revisão de tópicos principais. Victor Gammaro, coordenador do Direção Concursos, afirmou que a prioridade deve ser a prova objetiva. "A minoria fará a discursiva. Quem for aprovado terá mais de dois meses para se preparar especificamente para essa etapa", disse.

Ele ressaltou que a adesão ao concurso varia conforme os cargos oferecidos. "Um grande salário ou uma vaga muito disputada aumentam o número de inscritos. Essa dinâmica sempre vai influenciar a procura", avaliou.

A convocação do cadastro reserva do CNU 2024 deve ocorrer nos próximos dias. "Não há sobreposição de concursos. Seria ilegal abrir um novo certame com vagas idênticas às de outro ainda vigente", explicou Dweck.

Entre os órgãos que devem chamar candidatos estão o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O advogado e professor André Alencar dos Santos apontou falhas no processo. "Falta transparência. Muitos candidatos poderiam ter se preparado para outras seleções se soubessem que não haveria nova edição em 2026", afirmou.

Ele também sugeriu ajustes. "É preciso transformar essa iniciativa em política de Estado, com regras claras e previsão em lei. Hoje ainda depende da gestão de governo, o que gera insegurança", avaliou.

Para Alencar, a atuação da Enap é positiva, mas levanta dúvidas. "É uma instituição reconhecida, mas não é tradicional na aplicação de concursos. Além disso, considero exagerado haver três convocações; duas já seriam suficientes", completou.

O resultado preliminar da segunda edição do CNU será divulgado em 20 de fevereiro de 2026. Após as confirmações de interesse, a lista final será publicada em 16 de maio.

*Estagiária sob a supervisão de Edla Lula

 


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