
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP) como ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. O anúncio foi feito após uma reunião no Palácio do Planalto, que teve a presença do parlamentar e do então titular da pasta, Márcio Macêdo. Também estiveram presentes os ministros de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; da Casa Civil, Rui Costa; e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. A nomeação será publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira.
A mudança marca uma tentativa de Lula de reconstruir pontes com movimentos sociais e setores populares que se distanciaram do governo. A Secretaria-Geral é responsável justamente por essa articulação, considerada estratégica para o projeto político do presidente.
Em publicação nas redes sociais, Lula agradeceu ao trabalho de Macêdo e destacou a importância da nova fase da pasta. "Convidei o deputado Guilherme Boulos para assumir o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele vai substituir o companheiro Márcio Macêdo, a quem agradeço por todo o trabalho realizado para a ampliação e o fortalecimento da participação social em nosso governo", escreveu o chefe do Executivo.
Também pelas redes sociais, Boulos agradeceu a Lula pelo convite. "Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil", ressaltou. "Minha grande escola de vida e de luta foi o movimento social brasileiro e levarei esse aprendizado agora ao Planalto. Presidente, sua confiança será honrada com muito trabalho!", acrescentou.
A saída de Macêdo vinha sendo cogitada desde o fim do ano passado. Fundador do PT em Sergipe e aliado histórico de Lula, ele assumiu a pasta em janeiro de 2023, mas enfrentava críticas de movimentos sociais por uma suposta falta de diálogo e baixa efetividade na articulação política com as bases. Segundo auxiliares do Planalto, Lula avaliava que era preciso dar uma "resposta simbólica" aos setores progressistas que ajudaram a eleger o petista, mas que hoje cobram mais espaço e atenção do governo.
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De acordo com interlocutores do presidente, Macêdo não deve assumir outro cargo na administração federal. A expectativa é de que ele se prepare para disputar uma vaga de deputado federal nas eleições de 2026.
Boulos, de 42 anos, é deputado federal por São Paulo e uma das principais lideranças da esquerda brasileira. Cofundador e ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), construiu sua trajetória política a partir das lutas por moradia e justiça social. A chegada dele ao governo é vista como um gesto de aproximação com os movimentos populares e com o próprio PSol — partido que, embora aliado em votações estratégicas, tenta manter independência em relação ao Planalto.
Desafios
Dentro do governo, Boulos deverá enfrentar dois desafios principais: reconstruir os canais de diálogo com movimentos sociais de abrangência nacional — como centrais sindicais e organizações de moradia — e fortalecer a relação com movimentos ligados à juventude, cuja mobilização foi essencial na campanha de 2022, mas que hoje demonstra certo distanciamento do governo.
A presidente nacional do PSol, Paula Coradi, afirmou que Boulos é um militante político, líder de um movimento social muito relevante e que sempre apostou na mobilização popular como instrumento de transformação social. "Sua entrada no ministério irá contribuir para organizar novas mobilizações sociais a favor da agenda que interessa ao povo brasileiro e contra as ofensivas da extrema-direita e do Centrão", pontuou, em nota.
Macêdo publicou um vídeo no X no qual disse que deixa a Esplanada com a "sensação de missão cumprida". "Estou saindo para ser candidato em 2026, e o Guilherme Boulos está entrando, porque não será candidato, para cuidar da gestão", frisou.
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