
Uma entrevista do ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, provocou reação imediata no Congresso nesta quinta-feira. Ao comentar os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o ministro afirmou que a investigação tem sido marcada por "pirotecnia da oposição". A declaração foi duramente criticada pelo presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que rebateu o tom adotado pelo integrante do governo e defendeu os resultados alcançados pela comissão.
Durante a sessão da CPMI, o deputado Rogério Correia (PT-MG), vice-líder do governo, mencionou uma medida provisória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltada ao ressarcimento de aposentados e pensionistas vítimas de fraudes. A fala foi o gancho para Viana responder a Queiroz. "Fico feliz com a disposição em colaborar, mas lamento que o ministro da Previdência, que representa o governo, tenha dito hoje (nesta quinta-feira) em entrevista que esta CPMI é pura pirotecnia e que não chegará a lugar algum", disse o senador. "Vossa Excelência demonstra uma postura diferente da adotada pelo ministro, que desrespeita o trabalho sério realizado aqui."
O presidente do colegiado também enviou um recado direto ao ministro, afirmando que a gestão Lula só conseguiu avançar nas ações de ressarcimento porque o colegiado revelou irregularidades. "Se o governo está conseguindo ressarcir as vítimas de fraudes, é porque esta comissão expôs o esquema de corrupção que existia na Previdência. O ministro, mal informado, deveria reconhecer que esta CPMI já prestou um grande serviço ao país", completou.
Em entrevista a uma rádio mineira, Wolney Queiroz criticou a condução dos trabalhos da CPMI, afirmando que o colegiado "virou teatro para conseguir votos e likes". "O que temos visto é uma pirotecnia de alguns membros, especialmente da oposição. A comissão deveria ser conduzida com mais isenção, mas virou palco político. Lamento que não tenha sido mais útil aos aposentados que esperavam um resultado concreto", disse o ministro.
A fala acirrou o clima entre parlamentares. Viana afirmou que Queiroz será convocado para prestar esclarecimentos. "O ministro fez um desfavor ao Parlamento. Ele é parlamentar, sabe muito bem que o nosso trabalho exige paciência e responsabilidade. Quando vier à CPMI, vai poder pedir desculpas. Foi muito infeliz a fala dele", afirmou.
- Relator da CPMI do INSS cancela visita a Bolsonaro para evitar "questionamentos"
- Irmão de Lula processa quem o associa a esquema de descontos e critica CPMI do INSS
- Horizonte eleitoral move debates da CPMI do INSS
Enquanto o impasse político ganhava força, a CPMI recebeu a médica e empresária Thaisa Hoffmann Jonasson, suspeita de atuar como "laranja" em um esquema de desvio de recursos do INSS. Amparada por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ela permaneceu em silêncio na maior parte das perguntas feitas pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O parlamentar criticou a postura da depoente e disse que as empresas em nome dela movimentaram cerca de R$ 15 milhões.
Senadores avaliam que Thaisa pode ter servido como intermediária de propinas destinadas ao ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, marido da médica. Segundo o senador Izalci Lucas (PL-DF), empresas registradas em nome dela teriam recebido recursos do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS".
"Os repasses coincidem com procedimentos que Virgílio teria feito para beneficiar entidades como a Contag", disse. A depoente negou irregularidades e afirmou possuir documentação para comprovar a legalidade de suas atividades.
Em seguida, quem compareceu à comissão foi o marido de Thaisa. Também amparado por um habeas corpus, Oliveira Filho não falou sobre as fraudes. Suspeito de receber propinas, ele comentou sobre a própria carreira. "Todos os cargos por mim assumidos, cargos em comissão, foram de indicações técnicas", disse. "Não sou político, não tenho padrinho político, sou apartidário e sempre desempenhei as minhas funções com base na Constituição e sem questões políticas."
Oliveira Filho também frisou que a investigação está em andamento e criticou o colegiado. "Não sou indiciado, não sou réu e, muito menos, condenado. Percebi já em algumas falas de parlamentares dessa comissão um prejulgamento. Não fui ouvido, não prestei esclarecimentos, mas já percebi um prejulgamento muito forte, com base no que eu tenho ouvido e visto nessa CPMI e com base em todas essas questões eu colaborarei e falarei aqui.
Saiba Mais

Política
Política
Política
Política
Política