
O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), inquiriu nesta segunda-feira (27/10) o ex-diretor de Governança do INSS, Alexandre Guimarães, sobre a relação com o empresário Antônio Carlos Camilo, conhecido como “Careca do INSS”. Guimarães admitiu ter se encontrado com o empresário em Brasília, em 2022, para discutir um projeto de aplicativo voltado à educação financeira. Segundo ele, o encontro ocorreu inicialmente “num bar” após convite de amigos em comum.
Gaspar questionou o fato de o então diretor de um órgão federal participar de conversas com empresários investigados por desvio de recursos de aposentadorias e pensões. “O senhor como diretor do INSS foi chamado para um bar e lá tratou de importação e exportação de frutas?”, ironizou o relator. Guimarães respondeu que “fui tomar uma cerveja com amigos” e que o tema surgiu de maneira informal, sem ligação direta com o INSS.
O ex-diretor também confirmou ter voltado a encontrar Camilo meses depois, em 2022, no Gilberto Salomão, centro comercial de Brasília. Na ocasião, o empresário teria apresentado o projeto de um aplicativo que ofereceria “diversos benefícios a clientes”. Guimarães afirmou que, a partir desse contato, decidiu criar uma empresa para desenvolver conteúdos sobre educação financeira, mas negou qualquer envolvimento irregular.
Durante a oitiva, o deputado Alfredo Gaspar destacou que as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal apontam para o uso de associações e empresas de fachada que teriam desviado bilhões de reais do INSS. “O senhor está no centro do momento em que essas associações retiraram dinheiro de aposentados”, afirmou o relator, ao exibir gráficos sobre o aumento de reclamações e descontos indevidos a partir de 2022.
Guimarães, que ocupou cargos na autarquia entre 2017 e 2023, afirmou que as reclamações cresceram após a criação da ouvidoria interna do INSS, sob sua gestão. “Levamos a ouvidoria para dentro do instituto, e isso facilitou o recebimento das denúncias”, justificou. Segundo ele, o aumento “não significa irregularidades maiores”, mas sim “maior capacidade de registrar as queixas”.
O ex-diretor negou ter tratado de temas internos do INSS com Camilo e reiterou que suas atividades na época estavam relacionadas à governança e à integridade institucional. Gaspar, no entanto, afirmou que o conjunto das evidências financeiras e societárias “coloca sob suspeição” as relações do ex-gestor com empresas ligadas ao grupo do empresário.

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