Atos antidemocráticos

Congresso resiste à anistia e vê chance maior de reduzir penas até 2026

Levantamento do Ranking dos Políticos aponta cautela entre deputados e senadores sobre mudanças ligadas ao 8 de janeiro

Embora a maioria dos parlamentares não veja espaço para uma anistia ampla, cresce a percepção de que uma eventual redução de penas pode avançar no médio prazo, especialmente em 2026 -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Embora a maioria dos parlamentares não veja espaço para uma anistia ampla, cresce a percepção de que uma eventual redução de penas pode avançar no médio prazo, especialmente em 2026 - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A mais recente pesquisa do Ranking dos Políticos mostra um Congresso dividido diante de qualquer proposta de anistia relacionada aos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Embora a maioria dos parlamentares não veja espaço para uma anistia ampla, cresce a percepção de que uma eventual redução de penas pode avançar no médio prazo, especialmente em 2026.

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A pesquisa ouviu 107 deputados de 20 partidos e 27 senadores de 12 legendas, respeitando a proporcionalidade das bancadas — incluindo base, oposição e independentes. As entrevistas ocorreram entre 21 e 31 de outubro, presencialmente ou por telefone, conduzidas por profissionais treinados. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com 95% de confiança.

Para Luan Sperandio, diretor de operações da instituição, o resultado reflete o peso político do tema. “Apesar de ser uma pauta sensível, existe uma tendência clara de prudência entre deputados e senadores. Os trechos de análise destacam que predomina a expectativa de que nenhuma medida de anistia seja aprovada, mas parcela expressiva aponta para uma redução de penas, em especial para 2026”, afirmou.

Câmara vê resistência 

Entre os deputados, 36,5% avaliam que nenhuma medida será aprovada. Ainda assim, parte expressiva admite algum tipo de mudança:

  • 18,7% acreditam em redução de penas em 2026;
  • 13,1% apostam nessa possibilidade já em 2025;
  • Apenas 7,5% veem chances de anistia ampla ainda este ano;
  • 12,1% imaginam que isso possa ocorrer em 2026;
  • Outros 12,1% não souberam responder.

No Senado, pessimismo maior

A resistência é ainda mais acentuada entre os senadores: 48,2% acreditam que nenhuma medida será aprovada, 29,6% apontam para uma redução de penas em 2026 e só 3,7% apostam em mudanças já no próximo ano. O apoio à anistia ampla é baixo: 7,4% veem espaço até 2026 e outros 3,7% citam 2025. Os indecisos somam 7,4%.

O conjunto de dados indica um Legislativo mais disposto a evitar desgastes em torno do tema. Segundo a análise, qualquer alteração deve surgir de forma gradual, após negociações prolongadas e apenas quando o debate público estiver menos inflado.

“O resultado deixa claro que apesar de um apoio relevante em relação ao tema da anistia, há baixa expectativa do tema ser colocado em votação no curto prazo para análise dos parlamentares. Há uma preocupação de lideranças influentes em relação a repercussão pública e os desdobramentos jurídicos do assunto”, disse Sperandio.

Apesar disso, já existe um projeto de anistia aguardando votação na Câmara. A proposta, relatada pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), teve urgência aprovada em setembro, mas ainda não há acordo político suficiente para que o texto seja levado ao plenário.

O que foi o 8 de janeiro

Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. O Congresso foi o primeiro alvo, seguido pelo Supremo Tribunal Federal e, por fim, pelo Palácio do Planalto.


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postado em 14/11/2025 15:05 / atualizado em 14/11/2025 15:16
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