
Durante depoimento na CPMI do INSS, o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do instituto André Fidelis, foi avisado pelo relator do colegiado, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que o pai tinha sido preso pela Polícia Federal.
Gaspar informou que o ex-dirigente havia enviado à CPMI um atestado médico alegando internação para justificar sua ausência na oitiva, mas que, nas primeiras horas do dia, foi preso pela PF.
"O André Fidelis mandou um atestado dizendo que estava internado, fugindo desta CPMI. Se tivesse vindo prestar esclarecimentos, talvez não estivesse preso. Mas hoje ele foi preso. E isso, senhor Eric Fidelis, significa que a jornada de cadeia vai ser longa", declarou o deputado.
O relator apelou ao depoente que colaborasse com as investigações, afirmando que o pai está preso "por atos que passam diretamente pelo filho". "Não é justo um pai ser preso pelas ações do filho. O senhor tem agora a chance de salvar o seu pai e esclarecer os fatos diante do Brasil", afirmou Gaspar. Ele também mencionou que o advogado recebeu auxílio emergencial durante a pandemia.
Apesar disso, o depoente se recusou a responder às perguntas, amparado por habeas corpus e seguindo orientação da defesa.
De acordo com as investigações, o escritório de advocacia de Eric Fidelis manteve relações diretas com entidades ligadas ao INSS e recebeu cerca de R$ 5,1 milhões de intermediários do esquema suspeito de lesar aposentados e pensionistas. Entre 2023 e 2024, o advogado ainda movimentou valores superiores a R$ 10,4 milhões, montante considerado incompatível com a atividade advocatícia comum.
A discrepância chamou a atenção dos parlamentares. No requerimento que pediu a convocação de Fidelis, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) destacou que os números levantam "sérias dúvidas sobre a origem dos recursos" e reforçam a necessidade de uma apuração rigorosa.
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Celebração
Na operação da PF, além de André Fidelis, foram presas outras oito pessoas, entre as quais o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que a prisão do ex-dirigente e de outros investigados pelas fraudes representa a captura do "núcleo principal dos desvios" que atingiram a Previdência.
"A operação colocou na cadeia o núcleo central da quadrilha que tomou de assalto as aposentadorias brasileiras. Aqueles que vieram à CPMI amparados por habeas corpus agora terão de falar a verdade presos", declarou Viana.
O senador destacou que a CPMI tem colaborado diretamente com as autoridades policiais e rebateu críticas de que a comissão não traria resultados. "Diziam que a CPMI seria só mais um teatro. Hoje, provamos o contrário. Nenhuma comissão na história prendeu tantas pessoas ou trouxe tantas respostas ao povo brasileiro", afirmou.
Durante a entrevista, Viana detalhou a estrutura do esquema, dividido em três escalões: operadores e "laranjas" que movimentaram o dinheiro desviado; servidores públicos corrompidos, que mantiveram as fraudes ao longo de diferentes gestões; e um primeiro escalão político, responsável por indicações e sustentação do esquema dentro do INSS.
Segundo o parlamentar, esse grupo mais alto passará a ser o foco das próximas etapas da investigação: "Ainda há muita sujeira para limpar. Mas a Previdência vai sair fortalecida, e os culpados, presos. Nós vamos até o fim", garantiu.
Ele também confirmou que há parlamentares citados nas apurações e que poderão ser convocados pela CPMI. Disse, contudo, que nomes não serão divulgados neste momento, em respeito ao sigilo judicial.
O senador destacou, ainda, que mantém diálogo com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso. Viana afirmou que recursos desviados em espécie foram localizados e que parte do dinheiro pode estar guardada em paraísos fiscais.
"O dinheiro que foi sacado está guardado em algum lugar. Parte foi enviada ao exterior, e a outra parte ainda está escondida no Brasil. A PF está acompanhando", completou.
Gaspar também celebrou as prisões e disse que a ação da PF representa o "início do fim da impunidade". "Muitos chegaram à CPMI posando de honestos e, agora, estão atrás das grades", frisou. Para ele, as ações da PF são resultado direto das pressões e dos requerimentos apresentados pelo colegiado.
Ele ressaltou que a comissão vem insistindo em medidas como bloqueio de bens, responsabilização criminal e rastreamento do dinheiro desviado do INSS. Ele sustentou que os avanços recentes são fruto de uma cooperação firme entre o Congresso, a Polícia Federal e o STF.
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