
Depois de três horas e meia de reunião a portas fechadas, com a presença de 54 parlamentares, entre senadores e deputados, realizada nesta segunda-feira (24/11), o Partido Liberal definiu que o objetivo desta semana na Câmara dos Deputados, será apenas um: pautar o Projeto de Lei da anistia. O encontro foi realizado dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar a prisão preventiva do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.
Em coletiva de imprensa, realizada momentos após a reunião, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que foi o porta-voz do grupo, afirmou que não abrirá mão de buscar a isenção das punições, que classificou como “absurdas” e aplicadas a “pessoas inocentes”. Ele também criticou a decisão judicial decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, que retirou o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão domiciliar. O senador alegou intolerância religiosa, já que, para ele, a prisão foi motivada pela vígila convocada por ele, para o sábado. Segundo o senador, tratava-se apenas de um chamado para orar pela saúde do seu pai e pela justiça em favor do ex-presidente e acusou o Judiciário de transformar o ato em crime.
Na avaliação do parlamentar, houve uma tentativa de enquadrar a vigília como articulação criminosa, motivo que deve servir de alerta às lideranças religiosas do país. Para Flávio, o motivo utilizado para afastar Bolsonaro da prisão domiciliar (o risco de fuga) é “esdrúxulo, covarde e inconstitucional”.
“Nunca passou pela nossa cabeça”, afirmou. Segundo ele, o objetivo era orar e buscar força na fé para enfrentar “um momento difícil”, disse o senador ao relatar que a vigília ocorreu de maneira pacífica e que, ao contrário do que teria constado na decisão judicial, não houve qualquer intenção de iniciar acampamentos ou tumultos próximos ao condomínio do ex-presidente.
Ao ser questionado sobre as negociações na Câmara para uma eventual dosimetria das penas em vez da anistia total, Flávio Bolsonaro disse que o PL jamais cogitou esse acordo. Ele afirmou que o partido sempre deixou claro que a proposta não seria aceita. O senador argumentou que o relator deve apresentar seu texto e que a votação deve ocorrer de forma direta, permitindo que a maioria decida. “O nosso compromisso é com a anistia. Não temos compromisso nenhum com a dosimetria”, disse que também destacou boa relação com o relator do projeto, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que, segundo ele, tem sido aberto ao diálogo.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, disse que a intenção da sigla será apresentar a proposta de anistia como destaque.
Também presente na coletiva, o líder da sigla no Senado, Rogério Marinho (RN), ainda destacou que o partido vêm mantendo conversas com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o relator ao longo dos últimos meses e que no último final de semana conversou com ele por telefone e que a mesma articulação está sendo feita com Davi Alcolumbre no Senado. Flávio também informou que conversou com líderes partidários e que Motta está consultando outras lideranças sobre o tema.

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