
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver volta a ocupar Brasília nesta terça-feira (25/11), uma década após o ato histórico de 2015. Entre as lideranças presentes em sessão solene em homenagem à manifestação no Congresso, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) reafirmou a importância do encontro em um momento em que, segundo ela, o país ainda falha em garantir direitos básicos, dignidade e segurança para as mulheres negras, maioria da população brasileira, mas ainda minoria nos espaços de poder.
Ela lembrou que as desigualdades atuais são heranças diretas do passado escravocrata e recaem sobretudo sobre as mulheres negras, frequentemente tratadas como cidadãs de “terceira categoria”. Por isso, afirma que a Marcha tem caráter político e civilizatório: “Marchamos pela paz, marchamos pela democracia, marchamos pela liberdade e nós marchamos pelo bem viver.”
Primeira senadora negra do país e a primeira mulher negra a governar um estado brasileiro, ao comentar sobre as barreiras enfrentadas por mulheres negras no Congresso, disse que “o espaço de poder sempre foi masculino e branco. E na medida em que nós ousamos ocupar esses espaços, a disputa que se faz conosco é mais perversa, porque não é num campo ideológico, é numa depreciação, é numa desconstrução da nossa imagem”.
Ainda assim, reforça que a presença negra no Parlamento é uma construção irreversível: “É difícil para nós, mas não é impossível, e nós temos provado isso. Querendo ou não, vai acontecer”.
A deputada também criticou a tentativa de restringir recursos para políticas destinadas à população negra, citando PEC em discussão no Congresso.
Segundo ela, o impacto atinge áreas essenciais: “Estamos agora com uma PEC que vai fazer com que não tenhamos recursos para implementar políticas públicas para a comunidade negra, na cultura, no social, no racial. (Lutar contra) Isso é importantíssimo para nós”.
Ainda para Benedita, mulheres negras precisam ser reconhecidas como protagonistas em todos os campos, inclusive na economia e no sistema financeiro, do qual ainda são excluídas. Ela fez questão de reafirmar a capacidade da população negra de ocupar qualquer espaço: “Nós podemos ser o que quisermos ser. Viemos de um processo escravocrata que nos impediu de estar numa boa escola, e nós estudamos. Nos impediram de estar numa boa universidade, e nós chegamos à universidade. Nós temos toda a inteligência necessária”.
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