Planalto

Lula diz que Brasil precisa 'abandonar o complexo de vira-lata'

Repetindo uma de suas teses mais antigas, Lula afirmou que o Brasil só avançará no fortalecimento de sua democracia quando superar o "complexo de vira-lata"

"Este país é muito grande e muito poderoso. O que precisa é que a gente tenha dignidade para se respeitar", disse Lula. - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Ao sancionar a lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) transformou a cerimônia desta quarta-feira (26/11) em um discurso sobre autoestima nacional, desigualdade e crise democrática.
Repetindo uma de suas teses mais antigas, Lula afirmou que o Brasil só avançará quando superar o “complexo de vira-lata”.
“Este país é muito grande e muito poderoso. O que precisa é que a gente tenha dignidade para se respeitar. Se a gente ficar com complexo de vira-lata, achando que somos inferiores, a gente vai se lascar”, declarou o presidente, relacionando a falta de confiança no país ao avanço de discursos extremistas em várias partes do mundo.
Lula dedicou parte do pronunciamento a refletir sobre o desgaste da democracia global. Segundo ele, a ascensão da extrema direita não se explica pela qualidade do discurso desses grupos, mas pela frustração de populações que não se veem atendidas pelos sistemas políticos tradicionais.
“O povo deixou de acreditar na democracia que nós falamos tanto. A democracia não pode ser apenas uma palavra ou o direito de votar. É mais do que isso. É o direito de comer, de trabalhar, de estudar, de ter acesso à cultura, ao lazer. Do que adianta um regime democrático se eu estou com fome? Nada”, afirmou.
Para Lula, políticas como a nova faixa de isenção respondem justamente a essa necessidade de tornar a democracia tangível no dia a dia.

Autoestima e relações internacionais

Retomando o argumento do “vira-lata”, o presidente disse que a falta de confiança interna afeta até a política externa. “Não tem presidente que viajou mais este país do que eu. Não tem ninguém que fez mais amizade internacional do que eu. O Brasil é poderoso”, afirmou, para então comentar a relação com os EUA e a eventual convivência com Donald Trump.
“Eu não conheço o Trump, ele não me conhece. Por que eu não vou gostar dele e ele não vai gostar de mim? Vamos nos conhecer, vamos dar um abraço para saber se é possível ou não”, declarou.
Em tom descontraído, Lula também relembrou o episódio em que o chanceler alemão, Friedrich Merz, fez críticas a Belém — sede da COP30. “Eu falei para ele: ‘Companheiro, a cabeça pensa onde os pés pisam. Mas você veio ao Brasil com a cabeça em Berlim. Você não conheceu Belém, não dançou carimbó, não comeu maniçoba'”, disse, reforçando seu apelo pela valorização da cultura local.
“Quando eu viajo, não quero comer feijoada em Berlim; quero comer joelho de porco e linguiça frita a carroça. Quando você voltar ao Brasil, fique no Brasil, pois é um país muito bom", acrescentou ainda o petista.
Lula encerrou defendendo que a superação do “complexo de vira-lata” é fundamental para construir um país mais igual e uma democracia mais sólida. “É assim que a gente tem que fazer para esse país dar certo. Temos que fazer diferente", enfatizou.

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postado em 26/11/2025 14:07
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