REDES SOCIAIS

Antes de Fernanda Torres, Havaianas disse que pé esquerdo dá azar

Em 2014, marca brincou com rivalidade Brasil e Argentina e mandou pé esquerdo e chinelo para desejar azar para os hermanos

Campanha da Havaianas em 2014 tinha como mote 'o pé direito é nosso' -  (crédito: Reprodução / YouTube)
Campanha da Havaianas em 2014 tinha como mote 'o pé direito é nosso' - (crédito: Reprodução / YouTube)

A campanha publicitária da Havaianas, estrelada por Fernanda Torres, vem causando polêmica nas redes sociais por não desejar que o público comece o ano com o “pé direito”. A fala foi interpretada por alguns usuários como uma provocação política a eleitores de direita. No entanto, essa não é a primeira vez que a marca brinca com a crença de sorte e azar com os pés.

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Em comercial veiculado em 2014, na época da Copa do Mundo do Brasil, o ex-jogador Romário aparece assistindo a um jogo usando apenas um chinelo. Ao ser questionado por um amigo, Romário explicava que o pé esquerdo “tá com quem merece”, em uma brincadeira com a rivalidade futebolística envolvendo o atleta argentino Diego Maradona (1960-2020). 

 A campanha terminava com o slogan “O pé direito é nosso”. A ideia era brincar com a rivalidade Brasil e Argentina, retomando a ideia de que os pés do chinelo podem dar azar ou sorte. Na Copa daquele ano, o Brasil foi eliminado nas semifinais com o pior resultado da história da seleção: 7 a 1 para a Alemanha, em pleno Mineirão.

Já no comercial estrelado por Fernanda Torres, a marca retoma a ideia da sorte, brincando com o conceito de entrar com tudo em 2026. “O que eu desejo é que você comece o Ano Novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés”, diz a garota propaganda. 

@oficialfernandatorres

Vem com tudo, 2026, que a gente vai entrar com os dois pés ????

? som original - Fernanda Torres

No entanto, políticos como os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bia Kicis (PL-DF) se manifestaram contra a marca. Em publicações nas redes sociais, ambos defenderam o boicote aos produtos da empresa. Kicis chegou a divulgar um vídeo descartando um par de chinelos da marca.

A repercussão da campanha também ocorre em um momento em que a atriz tem sido associada a debates políticos em razão de sua participação no filme Ainda Estou Aqui (2024), que aborda um crime ocorrido durante o regime militar brasileiro (1964–1985). 

Outras campanhas polêmicas

Em 1994, a atriz Cristiana Oliveira protagonizou um comercial em que ela está se pesando. Ela sobe na balança e se desespera por ter “engordado 20 gramas”. Um rapaz do mesmo local começa a sugerir que ele tire peças de roupa para que dê diferença no peso. Quando ela está prestes a tirar o biquíni, a atendente do local avisa que a balança está quebrada.

 

Embora não tenha sido polêmico à época, o vídeo passou a ser criticado anos depois por reforçar padrões estéticos irreais e a pressão sobre o corpo feminino. Além disso, há a sexualização da atriz. 

Em 2009, um comercial protagonizado por Cauã Reymond causou forte repercussão negativa. No filme, uma avó, interpretada pela atriz Lúcia Berta, repreende a neta por usar chinelos em um restaurante. Ao ver Cauã entrar no local, a senhora comenta que a jovem “tinha que arrumar um rapaz assim”. Quando a neta responde que “deve ser chato casar com famoso”, a avó dispara: “Quem falou em casamento? Tô falando de sexo. Depois eu que sou atrasada”.

 

A propaganda foi alvo de inúmeras reclamações e acabou retirada do ar, além de gerar um processo no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Lúcia Berta, então com 84 anos, criticou a decisão e afirmou que o tema era tratado com hipocrisia: “Sexo está na boca de todo mundo, como bala na boca de criança”. Posteriormente, o comercial foi publicado no YouTube pela agência responsável e acumula centenas de milhares de visualizações.

Em 2014, a Havaianas lançou um comercial com Preta Gil (1974-2025) como parte da campanha “Todo mundo tem uma história com Havaianas”. No filme, a cantora chega em casa após uma noite usando salto alto e demonstra alívio intenso ao calçar os chinelos, com gemidos e expressões de prazer. Os vizinhos interpretam os sons como uma situação sexual.

A peça gerou debates por conta da conotação sexual em horário comercial e por reforçar estereótipos ligados à imagem pública da artista, de “pegadora”. Ao mesmo tempo, foi defendida por parte do público como uma brincadeira autoirônica e empoderada.

Em fevereiro de 2025, a Havaianas voltou ao debate público após uma fala classista do ex-presidente do Corinthians, Mário Gobbi, que associou o uso de chinelos a “baixo nível” e à presença de “bandidos” no clube.

A resposta da marca foi rápida e estratégica. Em parceria com a agência Galeria, a Havaianas fez uma provocação nas redes sociais, promoveu um “chinelaço”, presenteou jogadores do Corinthians com chinelos no vestiário e levou o slogan “Vai de Havaianas” para o uniforme e os painéis da NeoQuímica Arena. A ação foi acompanhada de um comunicado oficial reforçando o caráter democrático da marca e de um cupom de desconto para torcedores.

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MD
postado em 22/12/2025 16:04 / atualizado em 22/12/2025 16:05
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