A imagem do deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) levando um mata-leão de um dos policiais legislativos simboliza bem o momento em que vivemos na sociedade. Independentemente das razões do protesto de Braga, chama a atenção o tratamento dado ao parlamentar socialista ser bem diferente do recebido pelos deputados bolsonaristas que bloquearam o funcionamento do plenário por mais de 30 horas no início de agosto.
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O contraste evidencia um problema recorrente na sociedade: a oscilação de critérios conforme o personagem em cena. Quando grupos alinhados à extrema direita decidiram paralisar os trabalhos, a Mesa Diretora optou por uma negociação prolongada, evitando qualquer ação mais enérgica. Já no começo da noite desta terça-feira (9/12), diante do protesto de um parlamentar isolado, a resposta se mostrou imediata, dura e desproporcional. Essa assimetria não apenas fere o princípio democrático da igualdade entre representantes eleitos, como também alimenta a sensação de que o ambiente legislativo se tornou refém de conveniências políticas momentâneas.
A Câmara dos Deputados deveria ser, antes de tudo, um espaço de debate público, protegido por regras claras e aplicadas com isonomia. A violência vista no plenário, inclusive com a transmissão ao vivo da TV Câmara sendo cortada e os jornalistas sendo proibidos de acompanhar os trabalhos, acende um alerta sobre a falta de transparência. O recurso à força, mesmo diante de um impasse, não pode ser banalizado, sob pena de transformar divergências políticas em episódios de coerção física, algo que a história recente do país já demonstrou ser terreno fértil para retrocessos.
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