
O escritor Milton Hatoum afirmou, durante o programa Roda Viva dessa segunda-feira (8/12), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi “responsável por muitas mortes” durante a pandemia de Covid-19. Ao comentar o julgamento que levou à prisão definitiva do ex-presidente e de militares da cúpula do governo, o autor criticou a condução da crise sanitária e classificou a política adotada pela gestão anterior como “negacionista, imperdoável e inaceitável”.
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A declaração foi feita em questionamento da jornalista Vera Magalhães sobre o desfecho das investigações envolvendo Bolsonaro e oficiais das Forças Armadas, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Segundo Hatoum, a decisão da Corte funciona como um fechamento simbólico da trilogia O lugar mais sombrio, ambientada no período da ditadura militar.
“Eu vinguei amigos e amigas que foram presos e torturados. Alguns nem eram militantes. Eu também não era militante e fui detido duas vezes, apenas por lutar contra a censura e pela liberdade”, afirmou.
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O escritor então relacionou passado e presente para criticar o manejo federal durante a pandemia. “Morreram setecentos mil brasileiros durante a Covid. Uma parte dessas pessoas poderia estar viva, se não fosse a política negacionista do governo anterior. Ele é responsável por muitas mortes nesse país. Isso é imperdoável, inadmissível, inaceitável. Só isso já o condenaria.”
No programa, Hatoum também comentou o impacto da crise sanitária e da conjuntura política na elaboração de 'Dança de Enganos', volume que encerra a trilogia. Ele contou ter demorado um período muito longo para concluir o manuscrito. “A verdade é que a pandemia e o governo Bolsonaro, as duas pestes, para mim e para muitos brasileiros foi terrível. Eu demorei muito para reescrever o último volume, mais do que os outros. Para esse último, eu demorei mais de quatro anos”, disse.
Durante a pandemia da covid-19, a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro foi criticada diversas vezes. Além de ter subestimado a doença, Bolsonaro desestimulou a vacinação, posicionou-se contrário ao isolamento social, necessário à época para conter a propagação do vírus, além de ter defendido o uso de cloroquina para o tratamento da doença, medicamento sem eficácia comprovada.
O novo romance se passa na ditadura e, segundo o autor, funciona como uma resposta literária a quem defendeu o regime.

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