
Versátil e confortável, ótima para o dia, melhor ainda durante a noite. A calça Aladim é um item global, muito utilizado no mundo fashion. Essa peça surgiu no Oriente Médio e na Ásia Central, sendo usada por nômades e mulheres dos povos persas e otomanos. O design solto, leve e preso no tornozelo era ideal para o movimento, ajudava a lidar com o calor e evitava a entrada de areia do deserto. Atualmente, a ideia de uso segue a mesma, com uma boa adição fashionista e elegante.
No século 19, durante a primeira onda do movimento feminista, a americana Amélia Bloomer criou um modelo de calça similar. De acordo com Fernanda Juma, consultora de imagem e comportamento, Amélia era uma ativista pelos direitos das mulheres. Assim, buscava um estilo mais prático e confortável, principalmente para o trabalho. "Suas calças, chamadas Bloomers, eram usadas debaixo dos vestidos e se popularizaram com o crescimento da prática do ciclismo entre o público feminino", explica.
Contudo, esse estilo começou a ganhar cada vez mais força mundo afora. A moda das calças soltas foi reforçada, também, pelo estilista francês Paul Poiret, um dos pioneiros da alta-costura. Ele tirou as mulheres dos espartilhos e fez da liberdade um símbolo de sua moda. Segundo a consultora de imagem, mais tarde, histórias como As mil e uma noites — coleção de contos populares originários do Oriente Médio e do sul da Ásia — impulsionaram o fascínio pela cultura árabe, popularizando as calças harém e inspirando figurinos como o da Princesa Jasmine, da Disney.
- Leia também: De amuleto a acessório: como a cruz se tornou um símbolo na moda?
- Leia também: Um acessório, várias simbologias: a versatilidade infinita dos anéis
Hoje, tantos anos depois, Fernanda acredita que o sucesso desse estilo se deve a inúmeros fatores. "Conforto com impacto estético: o cérebro associa tecidos soltos e volumosos à liberdade, relaxamento e fluidez. Num momento em que buscamos roupas que não 'apertem' e ainda comuniquem estilo, essa peça ganha força", ressalta.
Além disso, há o que a profissional chama de exotismo sofisticado, um formato que remete ao Oriente e a narrativas de fantasia (Aladim, odalisca, mistério). Isso, de certo modo, cria um apelo simbólico de escapismo, muito valorizado em tempos de saturação visual e estresse urbano. "A moda está reeditando os anos 2000 (boho, gypsy, oversized), e a calça Aladim entra como símbolo de nostalgia e reinvenção", acrescenta a especialista.
Para quem quiser
Para a professora de moda Krystie Ribeiro, a ascensão dessa peça é um reflexo direto e convicto da busca por um guarda-roupa mais funcional. Com seu design amplo e gancho rebaixado, o item oferece uma liberdade de movimento incomparável, tornando-se a escolha ideal para o dia a dia, para a prática de ioga ou para momentos de relaxamento. Essa priorização do bem-estar e da fluidez no vestir, em detrimento de peças rígidas, é uma das forças motrizes por trás de seu sucesso.
"A calça Aladim encontrou seu lugar no mercado por ser versátil e inclusiva. Longe de ser uma peça difícil, ela se adapta a diversos estilos. Seu corte não se limita a um biotipo específico e se alinha perfeitamente com a crescente tendência da moda agênero, que desafia as fronteiras entre o vestuário masculino e feminino. Qualquer pessoa pode usar a peça, expressando sua individualidade sem se prender a padrões", destaca.
Além disso, o design da calça Aladim a tornou um item essencial para as grávidas. Na visão da professora de moda, o cós flexível e o caimento solto acomodam a barriga em crescimento de forma confortável e elegante, oferecendo uma alternativa estilosa às roupas de maternidade tradicionais. Dessa forma, a peça permite que as futuras mamães se sintam na moda, sem abrir mão de seu estilo pessoal.
O que define a calça Aladim é, inequivocamente, o gancho rebaixado. Enquanto a maioria das calças possui um gancho que se estende da cintura até a virilha, nela, essa costura desce consideravelmente, muitas vezes até a altura dos joelhos ou das panturrilhas. "Assim, cria-se um efeito de grande volume entre as pernas, simulando um visual de saia-calça ou um balão. As pernas se afunilam, geralmente com punhos ajustados nos tornozelos", ressalta Krystie.
Variações
Calça saruel: popularizada na França no século 19, a saruel (do francês "sarouel") é a versão mais conhecida da calça harém no Ocidente. Ela mantém o gancho rebaixado, mas o volume entre as pernas pode ser menos exagerado, e as pernas podem ser mais retas ou ter o cós mais ajustado.
Calça jodhpur: embora inspirada na modelagem indiana, essa calça é mais ajustada. O volume fica concentrado nas coxas e nos quadris, afinando drasticamente do joelho para baixo. Originalmente uma calça de montaria, a jodhpur foi incorporada à alta-costura por designers como Ralph Lauren.
Balloon pants: mais recente, essa variação é caracterizada por pernas extremamente volumosas que se juntam no tornozelo com elásticos ou punhos ajustados. O gancho pode ser baixo, mas a ênfase é no volume do tecido, criando uma silhueta arredondada e dramática.
Fonte: professora de moda Krystie Ribeiro
Entrando na onda
1. Comece pela neutralidade: escolha em tons neutros (preto, bege, branco, oliva) para facilitar combinações e não sentir estranheza inicial.
2. Teste tecidos diferentes: se busca elegância, vá de seda/crepe; se quer casualidade, algodão/linho são ideias; se busca ousadia fashionista, experimente couro ou tecidos brilhantes.
3. Olhe para a proporção do corpo: se o quadril é largo e você não quer destacá-lo, prefira tecidos escuros e menos volumosos. Se quer valorizar o quadril, aposte em tecidos claros, estampas ou mais plissados.
4. Adapte ao contexto: Trabalho — Use com camisa estruturada e salto fino.
Casual — Combine com regata de malha e sandália rasteira.
Fashion — Opte por cores vibrantes e tops arquitetônicos.
Fonte: Fernanda Juma, consultora de imagem e comportamento
Revista do Correio
Revista do Correio
Revista do Correio