Fitness & Nutrição

Quando o lanche é estratégico: entenda a importância da dieta saudável

Especialistas defendem que o intervalo entre refeições não precisa ser monótono — e pode servir tanto para dar pique no treino quanto para evitar exageros no jantar

"Hoje trato a alimentação como escolha, não como obrigação", afirma Sara 
 -  (crédito: Arquivo pessoal)
"Hoje trato a alimentação como escolha, não como obrigação", afirma Sara - (crédito: Arquivo pessoal)

Quando a fome aparece entre o almoço e o jantar, muitos ainda escolhem a estratégia do improviso: uma fruta sozinha, uma bolacha "fit" qualquer ou simplesmente ignoram a vontade para "não sair da dieta". Só que esse comportamento, ao contrário do que parece, atrapalha mais do que ajuda. Segundo os nutricionistas Bruno Correia, Cynara Oliveira e Carla Bispo, o lanche não deve ser encarado como ferramenta de estratégia. "O lanche não é obrigatório, ele é estratégico", resume Cynara, supervisora de nutrição do Hospital Santa Lúcia Sul.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

A busca por equilíbrio alimentar é uma tendência crescente. Dados do Instituto Locomotiva mostram que 73% dos brasileiros afirmam querer se alimentar melhor, enquanto o mercado de produtos saudáveis cresce mais de 12% ao ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos — ritmo duas vezes superior ao da indústria alimentícia tradicional. No Google, as pesquisas por "lanche saudável" aumentaram mais de 80% nos últimos cinco anos, reforçando que a alimentação entre refeições deixou de ser improviso e virou pauta de autocuidado.

Mas não basta comer pouco para comer bem. "Fruta sozinha não sustenta", afirma Cynara. Para os três especialistas, o lanche eficiente precisa combinar carboidrato, proteína e gordura boa. Bruno reforça que o erro mais comum é subestimar a saciedade: "O que garante resultado não é o tamanho do lanche, e sim o conteúdo proteico e de fibras".

Manobras para saciar a fome 

A nutricionista Carla Bispo explica que o objetivo do lanche define sua composição. Antes do treino, ele deve ser leve e de rápida digestão, focado em energia imediata. "Pão integral com geleia, tapioca com queijo ou banana com aveia funcionam muito bem", diz. Já à tarde, quando a necessidade é manter o foco, a recomendação é algo consistente, com mais proteína e gordura boa. "Iogurte com castanha, pão com ovo ou até um patê de sardinha seguram a fome por mais tempo", afirma.

Carla também aponta dois erros recorrentes: confundir leve com nutritivo e decidir em cima da hora. Segundo ela, quem improvisa acaba caindo em ultraprocessados. "A pessoa come uma barrinha achando que é saudável e sente fome meia hora depois", comenta. O segredo está na preparação. "Planejar o lanche antes evita recaídas", orienta.

Na prática, quem comprova isso é a enfermeira Sara Magalhães, 24 anos. Desde 2021, ela segue acompanhamento nutricional e afirma que os lanches foram o que mais facilitaram sua adesão. "Hoje, trato a alimentação como escolha, não como obrigação", diz. A estratégia dela inclui dois lanches em dias de treino de futevôlei: um à tarde e outro pré-treino. "As opções doces ajudam a não cair nos ultraprocessados", confessa.

Além de manter o corpo funcionando melhor, os lanches afetam diretamente o humor e a disposição. Para a maioria das pessoas, a queda de energia ao longo da tarde não é cansaço — é fome disfarçada. Pequenas combinações corretas podem evitar aquele raciocínio lento no trabalho, a irritação sem motivo ou a famosa vontade de "docinho para aliviar". Os especialistas explicam que isso tem base fisiológica: ao estabilizar a glicemia, o lanche adequado também estabiliza o comportamento.

 

.
"Hoje trato a alimentação como escolha, não como obrigação", afirma Sara (foto: .)

Outro ponto reforçado pelos nutricionistas é que o lanche saudável não precisa ser caro. A maior parte das combinações indicadas envolve ingredientes simples e populares, encontrados em qualquer supermercado. "Não precisa ser castanha importada ou iogurte gourmet", diz Bruno. O que muda tudo é a forma como os alimentos são agrupados. Uma fatia de pão com ovo e abacate pode ser tão eficiente quanto um shake proteico industrializado — e por menos da metade do preço.

Com a popularização do tema, cresce também o número de pessoas que montam seus próprios lanches em casa e levam na bolsa ou no armário do trabalho. A praticidade virou aliada da disciplina. Hoje, mais do que seguir um cardápio rígido, o desafio é não cair na repetição. "A chave é variar sem complicar", afirma Carla. "Trocar a textura, temperar diferente, montar com outro formato… é isso que mantém o lanche vivo na rotina.

Snacks como opção

Nos últimos anos, a procura por snacks saudáveis tem crescido de forma significativa, impulsionada por um público cada vez mais atento à alimentação equilibrada e à qualidade nutricional dos alimentos. Além de frutas, oleaginosas e iogurtes, surgem opções práticas e inovadoras, como barrinhas funcionais, chips de vegetais assados e mixes de sementes, que combinam sabor, saciedade e benefícios para a saúde. Esse movimento reflete não apenas uma preocupação estética ou de performance física, mas também uma mudança de hábito em direção a escolhas conscientes no dia a dia, seja no trabalho, na escola, seja em momentos de lazer.

Entre os snacks mais procurados estão frutas frescas, como maçã, banana e uva, que fornecem energia rápida e vitaminas; oleaginosas, como castanhas, nozes e amêndoas, ricas em gorduras saudáveis e proteínas; iogurtes naturais ou com baixo teor de açúcar, que auxiliam na digestão e fortalecem o sistema imunológico; e vegetais cortados, como cenoura, pepino e pimentão, ideais para beliscar entre refeições. Outras alternativas práticas incluem barrinhas de cereais ou proteínas, chips de batata-doce, abobrinha assados ou de bananas, e sementes, como chia e girassol, que podem ser levadas facilmente para qualquer lugar e ajudam a manter a saciedade ao longo do dia.

Itens para ter sempre à mão em casa ou no trabalho

Castanhas, nozes e sementes (chia, linhaça, girassol)

Granola sem açúcar ou caseira

Biscoito de arroz ou pão integral embalado

Pasta de amendoim natural ou tahine

Leite em pó, bebida vegetal ou whey em sachê

Frutas secas (uva-passa, maçã desidratada, damasco)

Atum ou sardinha em lata para misturar com pão ou salada

 

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte


  • Google Discover Icon
postado em 19/10/2025 06:00
x