Encontrar o tom ideal de base e corretivo ainda é um desafio comum, e não importa se a pessoa usa maquiagem todos os dias ou apenas em ocasiões especiais. São muitos detalhes envolvidos. Subtom, textura, oxidação, tipo de pele, iluminação e até a temperatura do corpo interferem na percepção da cor. O resultado, muitas vezes, é o mesmo: base que fica alaranjada, corretivo que acinzenta, ou pior, uma make que evidencia exatamente o que deveria disfarçar.
A dermatologista Regina Buffman explica que o tipo de pele é determinante no resultado da maquiagem. "Peles oleosas ou acneicas se beneficiam de fórmulas oil-free e não comedogênicas, com acabamento matte. Já peles secas precisam de bases hidratantes e mais cremosas. Para peles sensíveis, o ideal é optar por fórmulas com menos fragrância e baixo potencial irritativo."
Além da textura, Buffman alerta para algo pouco comentado, a maquiagem pode piorar manchas se usada sem proteção solar. "A base não costuma causar manchas, mas pode agravá-las quando irrita a pele e, principalmente, quando usada sem filtro solar. UV e luz visível são os grandes responsáveis pelo melasma."
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Os erros comuns
Mas por que é tão comum errar ao escolher seu tom? Segundo a maquiadora Mariana Peretti, o problema começa antes mesmo de o produto tocar o rosto. "O erro mais comum é achar que a base deve combinar com o rosto. Ela deve, na verdade, combinar com o pescoço. O rosto costuma ter outra cor porque recebe mais Sol ou mais protetor."
Se o produto é escolhido pelo tom do rosto, o resultado costuma ser exatamente aquele temido contraste entre cara e corpo. A regra é que a base deve desaparecer na linha do maxilar.
Outro ponto-chave é o subtom, seja quente, seja frio, neutro ou oliva, algo ainda pouco compreendido. "Mesmo que o tom seja o mesmo, se o subtom for diferente, a base vai destoar. Quem tem subtom rosa, por exemplo, fica amarelado com uma base de subtom quente."
Procurar a base perfeita pode ser tarefa longa, mas não precisa ser um labirinto. Com paciência, teste e informação, a cor certa não só existe como transforma a pele com naturalidade, sem linhas visíveis ou manchas ressaltadas. E o primeiro passo é olhar menos para o frasco e mais para a pele.
Testar para achar o tom é técnica, e não palpite, comprar base no olho é arriscado. Peretti sugere um ritual simples que evita decepções, aplicando primeiro uma faixa de base na linha do maxilar, comparando a pele do rosto com a do pescoço, e aguardar de cinco a 10 minutos o produto oxidar, para ver a real cor do produto. E sempre que possível, testar em luz natural.
A oxidação, aliás, é algo natural. "Toda base oxida em algum nível. A cor muda quando o produto entra em contato com oxigênio, pH ou óleos da pele. Por isso, é essencial esperar secar antes de escolher", explica a maquiadora. "Não tenha medo de testar várias cores até a achar a certa, até porque, depois que você entende qual é seu subtom, a escolha fica mais fácil. Pode optar por outras marcas já sabendo sua cor", diz Mariana.
Iluminar e corrigir
Quando falamos em corretivo, a situação muda um pouco, mas a primeira coisa a se entender é que iluminar e corrigir são duas funções bem diferentes do corretivo. Muita gente acredita que deve usar um corretivo um tom mais claro cobre olheiras, e é aí que nasce o famoso efeito cinza. "O corretivo mais claro serve para iluminar. Para neutralizar olheiras ou manchas precisamente, devemos partir da colorimetria: olheira roxa pede salmão, vermelha pede verde, marrom pede pêssego."
O processo correto, segundo a profissional, é neutralizar manchas com corretivo colorido seguindo o círculo cromático. Por exemplo, para cobrir manchas avermelhadas, o verde é a cor ideal, oposta ao vermelho no círculo. Após essa parte, segue a aplicação da base e, então, um corretivo mais claro para iluminar. "Quando a gente passa uma base no rosto, ela tira todos os nossos contornos naturais, os pontos de luz e os pontos de sombra, e a função do corretivo iluminador é devolver esses pontos de luz", detalha Mariana.
E para peles negras?
As peles negras têm subtons variados, e isso também determina o acerto. Os mais comuns são dourado, oliva, vermelho ou neutro quente; buscar pigmentos que acompanhem o fundo natural da pele é a opção certa. Bases para peles negras devem ter amplitude de tons profundos e variedade de subtons, algo cada vez mais presente no mercado, mas ainda insuficiente em muitas marcas.
Nos últimos anos, porém, algumas marcas transformaram o debate sobre "tom ideal de base para pele negra" em compromisso real com a diversidade, ampliando cartelas e oferecendo produtos que realmente atendem a uma faixa ampla de peles.
Entre os exemplos mais emblemáticos está a marca Fenty Beauty. Liderada pela cantora e empresária Rihanna, a marca virou referência mundial quando lançou sua base com cerca de 40 tonalidades, alcançando diversos tons de pele média a profunda. Hoje, sua paleta conta com cerca de 50 variações, sendo a pioneira na diversidade.
Mas o mercado nacional também vem reagindo. No Brasil, a pressão de consumidoras e influenciadoras, junto à demanda real de uma população miscigenada e majoritariamente negra ou parda, forçou as marcas a repensar seus catálogos. A BT Skin, linha lançada pela influenciadora Bruna Tavares, foi a marca nacional pioneira entre as brasileiras a oferecer uma cartela ampla — desde o lançamento já contava com dezenas de tons, garantindo opções para pele retinta ou mais escura.
A Boca Rosa Beauty, em seu portfólio recente, lançou uma base com cerca de 50 tons, sendo 28 deles pensados para peles negras, numa tentativa de abarcar a diversidade de tons presentes no Brasil. Além dessas, marcas maiores, como Avon, têm feito esforços para expandir suas linhas de base, corretivo e pós com tons destinados a peles pretas e pardas brasileiras, em reconhecimento à demanda do público.
Esses lançamentos não são meramente simbólicos. Para peles negras, que exibem grande variedade de profundidade e subtons, a disponibilidade de uma cartela ampla significa uma maior chance de acertar o tom e subtom real da pele, evitando efeito "acinzentado" ou "alaranjado", além da possibilidade de encontrar bases que "desaparecem" na pele, sem formar máscara ou contrastes indesejados, e uma maior diversidade de fórmulas que respeitam diferentes tipos de pele (oleosa, seca, sensível), garantindo conforto e saúde da pele.
Na prática, essas marcas funcionam como parte da solução para os desafios apontados, oferecendo mais opções de base e corretivo adequadas à multiplicidade de peles negras. Quando você souber seu subtom, tipo de pele e subtom da base/corretivo, vale olhar os portfólios dessas marcas: a chance de encontrar uma opção compatível é bem maior.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte
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