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Termina o resgate dos 12 jovens e do técnico em caverna na Tailândia

Após três dias de trabalhos intensos, todos os jovens e o treinador foram resgatados de caverna na Tailândia. Eles devem ficar internados em hospital, sem contato físico com a família, para avaliações médicas

Jacqueline Saraiva
postado em 10/07/2018 09:01
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Após três dias tensos de resgate, chegou ao fim o drama dos 12 meninos e do treinador que estavam presos na caverna Tham Luang, ao Norte da Tailândia. O último a ser resgatado foi o técnico Ekkapol Chantawong, de 25 anos. A informação foi confirmada pela Marinha da Tailândia, por meio de uma mensagem no Facebook. Os trabalhos hoje começaram por volta das 10h (horário da Tailândia), pouco depois da meia-noite no horário de Brasília, já com a expectativa de encerrar a operação no mesmo dia, segundo Narongsak Osottanakorn, coordenador da célula de crise. Todos os sobreviventes ficarão internados em quarentena no hospital da província de Chiang Rai, que fica a cerca de 70km da caverna, para avaliações médicas e cuidados com os jovens que apresentam doenças.

Imagens dos meninos dentro de caverna comoveram o mundo

Oito dos 12 meninos - quatro resgatados no domingo e quatro na segunda-feira - estão em bom estado de saúde, afirmaram as autoridades, mas ao menos dois deles recebem medicamentos contra infecção pulmonar. "Os oito estão em bom estado, não têm febre", disse à imprensa Jesada Chokedamrongsuk, secretário permanente do ministério da Saúde, no hospital Chiang Rai. Eles foram submetidos a exames de sangue e radiografias, e todos devem permanecer em observação constante no hospital durante uma semana ao menos.

Segundo o jornal The Guardian, os quatro primeiros resgatados no domingo (8/7), já conseguiram ver os pais hoje e a expectativa é de que os demais tenham a mesma oportunidade. No entanto, nada de abraços ou beijos: uma janela de vidro os separa de seus familiares, ou a comunicação é feita por meio de telefone. Os nomes dos que já haviam sido resgatados não estavam sendo divulgados nem mesmo para os parentes. A atitude das autoridades era para preservar os pais das crianças que ainda não tinham sido retiradas da caverna, além de questões culturais.

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[SAIBAMAIS]Por terem ficado muitos dias em ambiente de escuridão, os meninos precisam usar óculos de sol dentro do hospital e, por conta desta condição delicada, ainda não podem assistir à televisão. O quadro de saúde deles inspira cuidados por conta dos vários dias presos na caverna úmida, com pouca água potável, jejum forçado, expostos ao frio e com níveis baixos de oxigênio. A dieta dos resgatados inclui apenas um mingau que tem arroz em sua composição, mas segundo jornais internacionais, alguns deles quiseram pão e chocolate, pedido que foi atendido pela equipe médica.

O resgate foi mais acelerado nesta terça-feira já que as equipes estavam acostumadas com o trajeto e percorreram a área mais rapidamente. O aumento das chuvas torrenciais, principalmente hoje, aumentou a pressão dos socorristas para retirar todas as pessoas do local com urgência. Além dos jovens e do treinador, um médico e três membros da Marinha tailandesa que estão com o grupo desde sua localização, na semana passada, também devem sair da caverna. Uma equipe de 90 mergulhadores, 50 estrangeiros e 40 tailandeses, participaram do resgate. Mais de 1000 pessoas fizeram parte das equipes.

Resgate complexo e repleto de perigo

O processo era bastante complexo e envolvia muitos perigos no percurso de ida e volta. Segundo a célula de crise, as galerias, que são de difícil acesso, estão completamente escuras e os socorristas se guiaram apenas por lanternas e por cordas que foram fixadas no local para que eles não se perdessem. Há muitos trechos inundados, mesmo com o trabalho intenso de pessoas do lado de foram para drenar a água no interior da caverna.

Além da necessidade de passar por trechos estreitos, em relevo acidentado, os socorristas ainda tinham mais uma dificuldade para enfrentar: alguns dos jovens javalis não sabiam nadar. Todos precisaram que aprender, às pressas, técnicas de mergulho. O estado mental deles, que estavam em isolamento total por nove dias, também preocupava as equipes. O receio era de que eles ficassem nervosos nos momentos de mergulho: um ataque de pânico colocaria a vida de todos em risco.

Entre cada operação, os socorristas precisaram fazer pausas para abastecimento de cilindros na cavidade subterrânea e também para que os mergulhadores pudessem descansar.

Emoção homenagens nas redes sociais

Desenho de mergulhador levando um javali bebêO resgate dos meninos e do treinador fez com a internet fosse inundada por homenagens, com desejos de força aos ;javalis selvagens;. Vários desenhos sobre o resgate repercutiram nas redes sociais, compartilhados com as hashtags #13Hope, #ThaiCaveRescue e #ThailandCaveRescue.

A Marinha Tailandesa também fez uma homenagem ao ex-sargento da reserva Saman Kunan, de 38 anos, que morreu após perder a consciência por falta de ar, pouco depois de ter levado oxigênio e suprimentos aos 12 meninos e o treinador. No perfil da corporação no Facebook foi publicada uma pintura do rosto do ex-sargento com uma frase que remetia ao "descanso do mártir da caverna".

Perdidos por nove dias em caverna

Os jovens e o treinador integram o time Moo Pa, os Javalis Selvagens. Em 23 de junho, após o treino, eles entraram na caverna Tham Luang, por motivos que ainda não foram esclarecidos, e ficaram presos após o local ficar inundado por conta das chuvas.

O drama era acompanhado com preocupação por toda a Tailândia. Preces foram realizadas por milhares de pessoas no país desde que o grupo desapareceu. Na entrada da caverna, além dos familiares, centenas de jornalistas estrangeiros permaneceram em vigília à espera de novidades. O comandante da junta militar que governa a Tailândia desde o golpe de Estado em 2014, general Prayut Chan-O-Cha, também visitou o local, na segunda-feira (9/7).

Os Javalis selvagens passaram nove dias presos na caverna até que dois mergulhadores britânicos conseguiram localizar o grupo, na segunda-feira da semana passada. Abatidos, com fome e frio, os jovens estavam em uma rocha a mais de quatro quilômetros da entrada da caverna.

A alegria de tê-los reencontrado logo foi substituída pela apreensão por conta do período de monções na Tailândia, que previam mais chuvas e a iminência de todo o local ficar inundado, além do nível reduzido de oxigênio na galeria em que o grupo encontrou refúgio. As equipes de resgate examinaram todas as soluções possíveis, desde a perfuração de túneis nas montanhas até a possibilidade, descartada, de aguardar por várias semanas pelo fim da temporada de precipitações.

Conheça os nomes dos Javalis selvagens


; Ekkapol Chantawong é o treinador, de 25 anos
; Chanin Wiboonroongrueng é o mais jovem de todos e tem 11 anos
; Duangpetch Promthep, 13 anos, é atacante e capitão do time
; Somphong Jaiwong, 13 anos, atua no meio-de-campo do time
; Mongkol Boonpium, 13 anos, entrou para o time há um ano
; Panumas Saengdee, 13 anos, é goleiro
; Pipat Phothai, 15 anos, não faz parte do time de futebol, mas havia se reunido com o grupo por causa de Ekkarat Wongsookchan
; Ekkarat Wongsookchan, 14 anos, é goleiro
; Adul Samon, 14 anos, é meio-campista no time
; Peerapat Sompiengjai, 16 anos , atua no meio-campo
; Prajak Sutham, 14 anos, é meio-campista e também atua como goleiro
; Nattawoot Thakamsai, 14 anos, não tem posição definida no time
; Phornchid Kamluang, 16 anos, atua na defesa do time
Com informações da France Presse



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