MEIO AMBIENTE

Garimpo devastou área de 4 campos de futebol por dia em terras indígenas

Levantamento da ONG Greenpeace mostra áreas invadidas pelo garimpo em 2023 nos territórios indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami

Ao todo, o garimpo ilegal já devastou mais de 26 mil hectares dos territórios demarcados dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami -  (crédito:  ALAN CHAVES/AFP)
Ao todo, o garimpo ilegal já devastou mais de 26 mil hectares dos territórios demarcados dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami - (crédito: ALAN CHAVES/AFP)
postado em 11/03/2024 12:12 / atualizado em 11/03/2024 14:36

No ano passado, o garimpo devastou 1.410 hectares nas Terras Indígenas (TIs) dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami entre os estados do Pará, Amazonas e Roraima. O número equivale à abertura de quatro campos de futebol por dia, segundo levantamento inédito feito pela ONG Greenpeace e divulgado nesta segunda-feira (11/3). Os três territórios indígenas citados concentram 95% da mineração ilegal.

A Greenpeace aponta que as ações de combate e fiscalização do garimpo ilegal estão sendo insuficientes. “Cada hora que passa com os garimpeiros dentro dos territórios indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida. Precisamos, para já, de uma Amazônia livre de garimpo”, destaca o porta-voz do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.

“Temos lido e ouvido bastante sobre os esforços do governo para combater o garimpo ilegal na TI Yanomami, em Roraima. Porém, precisamos lembrar que os territórios dos povos Kayapó e Munduruku, no Pará, têm sido muito prejudicados e é preciso reforçar as operações e trabalhos de fiscalização por ali também. Não basta só a vontade política”, acrescenta o porta-voz.

Ao todo, o garimpo ilegal já devastou mais de 26 mil hectares dos territórios demarcados dos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami — o que significa uma área maior do que a cidade do Recife. 

Veja qual foi a área devastada em 2023:

  • Kayapó: 1.019 hectares
  • Munduruku: 152 hectares
  • Yanomami: 238,9 hectares

O Greenpeace ressalta que todo garimpo em território indígena é ilegal no Brasil, já que a mineração nessas terras é proibida por lei. "No entanto, esse crime voltou a aumentar a partir de 2018 e continua avançando sobre TIs de forma organizada, com estrutura, logística e usando maquinário pesado estimado em milhões de reais", diz a organização.

Nos últimos dois anos, o garimpo nos rios do povo Munduruku devastou uma área superior a 580 campos de futebol. O mais impactado é o Rio Cabitutu, no Pará. Na terra indígena, garimpeiros estão perto de pelo menos 15 aldeias.

Veja quais são os impactos do garimpo em terras indígenas:

  • Violência contra os povos indígenas, com assassinatos, ameaças e aliciamentos;
  • Contaminação dos rios por mercúrio, afetando a saúde de pessoas e animais;
  • Desmatamento e perda de biodiversidade, dificultando combate à crise climática e proteção da Amazônia;
  • Degradação cultural e social das comunidades indígenas e populações tradicionais;
  • Abertura para que o narcotráfico adentre Terras Indígenas.

"Diante da gravidade, é crucial que o governo federal invista em mais medidas contra o garimpo nas Terras Indígenas, bem como em toda a Amazônia, que abriga mais de 90% da mineração ilegal no país. A sociedade civil também tem responsabilidade. É nosso papel mobilizar e pressionar por ações concretas. Somente com um esforço conjunto e uma resposta firme do Estado será possível superar o garimpo ilegal", conclui o Greenpeace.

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