Rio de Janeiro

Incêndio em Ramos: MPT-RJ apura condições de trabalho na fábrica de fantasias

Segundo o MPT, a fábrica será notificada para prestar esclarecimentos sobre os fatos noticiados

As chamas começaram por volta das 7h30 desta quarta-feira (12/2) e atingiram cerca de 500 metros quadrados do prédio da fábrica -  (crédito: Mauro PIMENTEL / AFP)
As chamas começaram por volta das 7h30 desta quarta-feira (12/2) e atingiram cerca de 500 metros quadrados do prédio da fábrica - (crédito: Mauro PIMENTEL / AFP)

O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) instaurou um Inquérito Civil para apurar as condições de trabalho na fábrica de fantasia atingida por um incêndio na manhã desta quarta-feira (12/2), em Ramos, zona norte do Rio de Janeiro. "Conforme informações veiculadas pela imprensa, testemunhas disseram que haviam trabalhadores que dormiam no local, inclusive adolescentes, havendo indícios de trabalho degradante", informou o MPT-RJ. 

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A edificação não tinha aval do Corpo de Bombeiros do estado (CBMERJ) para funcionar, conforme revelou o coronel Luciano Sarmento, subcomandante-geral do CBMERJ, à imprensa. Sarmento também denunciou que os funcionários trabalhavam "de forma precária" e "sem condições de segurança". De acordo com o coronel, havia no local "muitos materiais de alta combustão, como plásticos, papéis".

Na avaliação do procurador responsável pelo caso, Artur de Azambuja Rodrigues, “os fatos denunciados, em tese, configuram lesão a interesses coletivos e indisponíveis dos trabalhadores, tendo em vista a ocorrência de incêndio grave, com 21 trabalhadores feridos, que deve ser investigado, dentro das atribuições do Ministério Público do Trabalho”.

Segundo o MPT, a fábrica será notificada para prestar esclarecimentos acerca dos fatos noticiados. Ela deverá apresentar diversos documentos, entre eles a relação de empregados, indicando quais estavam trabalhando no momento do incêndio,  e as medidas adotadas para prestar a assistência às vítimas do acidente.

"As escolas de samba Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu também deverão informar e comprovar as medidas adotadas para prestar a assistência a cada um dos trabalhadores vítimas do incêndio e apresentar os contratos mantidos com a empresa Maximus, bem como os documentos exigidos para a contratação", afirmou o MPT.

O incêndio

As chamas começaram por volta das 7h30 desta quarta-feira (12/2) e atingiram cerca de 500 metros quadrados do prédio da fábrica. O fogo só foi controlado duas horas depois. Atuaram no local 70 bombeiros de 13 quartéis e 20 viaturas. Ao todo, 21 pessoas foram resgatas, segundo o o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. De acordo com a Agência Brasil, ao menos 11 vítimas estão em estado grave.

10 vítimas foram encaminhadas ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, das quais oito estão em estado grave (três homens e cinco mulheres) e duas mulheres estáveis. "Todos os pacientes deram entrada por queimadura em via aérea após inalação de fumaça tóxica", afirmou SES-RJ.

A fábrica era responsável pelas fantasias do carnaval de 2025 de diversas escolas de samba, entre elas a Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu, as principais agremiações afetadas pelo incêndio. Em publicação nas redes sociais, o prefeito do Rio de Janeiro informou que as escolas não serão rebaixadas e lamentou o ocorrido.

Outras escolas da Série Ouro também tiveram a produção afetada, sendo elas: Arranco do Engenho de Dentro, União da Ilha e Porto da Pedra. A Acadêmicos da Rocinha, da Série Prata, também foi prejudica. A Liga RJ,  em nota, informou que convocou os presidentes das escolas de samba para uma reunião a fim de discutir a situação das agremiações e  definir os próximos passos.

Raphaela Peixoto
postado em 12/02/2025 17:22
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