tragédia

Brasileira morre ao não resistir à demora do socorro na Indonésia

Equipes de resgate conseguem alcançar a jovem brasileira, que tentava chegar ao cume do Monte Rinjani, e constatar que ela já estava sem vida. Corpo deve ser içado hoje

Antes de chegar à Indonésia, a niteroiense Juliana tinha passado por Filipinas, Vietnã e Tailândia -  (crédito: Instagram da família)
Antes de chegar à Indonésia, a niteroiense Juliana tinha passado por Filipinas, Vietnã e Tailândia - (crédito: Instagram da família)

Depois de quase 90 horas presa na encosta do Monte Rinjani, na Indonésia, a esperança pela sobrevivência de Juliana Marins chegou ontem ao trágico fim. Por volta das 11h de Brasília, parentes e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) informaram a morte da jovem de 26 anos, cuja causa ainda é desconhecida.

Ao longo da madrugada brasileira de ontem — o horário da Indonésia Central é 8h a frente do de Brasília —, a família da jovem utilizou de um perfil no Instagram para divulgar detalhes sobre o resgate. Os parentes de Juliana acusam o governo da Indonésia de "negligência" e de demorar a reunir um grupo de socorristas capazes de tirá-la da encosta do monte.

"A equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido", disse a família, no perfil na rede social. Logo em seguida, o MRE publicou uma nota de pesar na qual frisava que a operação para salvar Juliana foi dificultada pelas condições meteorológicas, do solo e de visibilidade no local. Acrescentou que a Embaixada brasileira em Jacarta, capital da Indonésia, "mobilizou as autoridades locais, no mais alto nível, para a tarefa de resgate".

A Agência de Busca e Salvamento do país asiático, por sua vez, informou que o corpo da jovem não pôde ser removido do local depois da chegada dos socorristas ao ponto em que estava, quase 600m abaixo da encosta do monte. Por conta disso, as operações precisaram ser encerradas, mas a expectativa é de que possa ser içado hoje.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Juliana em publicação no X (antigo Twitter). "Recebi com muita tristeza a notícia da morte de Juliana Marins após queda durante trilha no vulcão Rinjani. Nossos serviços diplomáticos e consulares na Indonésia seguirão prestando todo o apoio à sua família neste momento de tanta dor. E quero expressar a minha solidariedade à sua família — solidariedade que, tenho certeza, também é de todo o povo brasileiro", escreveu o presidente. O vice-presidente Geraldo Alckmin também se manifestou no X. "Transmito meus sentimentos e orações aos amigos e familiares de Juliana Marins, que tragicamente perdeu a vida, após um acidente, na Indonésia. Que a alegria de viver de Juliana fique como a lembrança mais forte de sua existência", publicou.

https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html  

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se manifestou, assim como o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) — Juliana era natural de Niterói (RJ). Também se pronunciaram a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), as deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e Erika HIlton (PSol-SP), além do deputados Carlos Jordy (PL-RJ, niteroiense como a jovem) e Reginaldo Lopes (PT-MG).

Translado

A princípio, o translado do corpo de Juliana se custeado pela família. O pai da jovem, Manoel Marins Filho, que estava a caminho da Indonésia para acompanhar o resgate da filha, mas ficou retido no Catar, onde o voo em que estava fez escala, por conta do fechamento do espaço aéreo do país em função do ataque iranianos à base militar norte-americana de Al-Udeid. O custo de retorno de um corpo ao Brasil pode ultrapassar os R$ 50 mil, incluindo um esquife especial e mais a documentação necessária, dependendo da distância do pais do qual esteja sendo removido.

O caso, porém, pode não se encerrar com o retorno do corpo de Juliana ao Brasil. Isso porque há suspeitas de que houve negligência das autoridades indonésias em função da demora de resgatá-la. O embaixador brasileiro em Jacarta, George Monteiro, não teria recebido informações fidedignas a partir do acidente com a brasileira. Além disso, a família da jovem considera que houve omissão do guia da excursão em que ela estava, deixado-a para trás — Juliana alegou cansaço para não continuar com o grupo que seguia rumo ao cume do Monte Rinjani. Na descida, ela não foi encontrada, pois caíra por algum motivo ainda não esclarecido ela caiu na ribanceira.

"Se o governo indonésio realmente forneceu à Embaixada do Brasil informações falsas, como ter dado comida, água e cobertor, quando testemunhas afirmam o contrário, isso agrava o cenário. A prestação de informação falsa de um Estado estrangeiro, no âmbito de um procedimento consular, viola o princípio da boa-fé, que é o princípio que regula todas as relações humanas, independentemente de países e de laços", destacou Wilson Bicalho, advogado e professor de pós-graduação de direito migratório. (Colaborou Vanilson Oliveira)

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

postado em 25/06/2025 03:55
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