COP 30

Organizações ambientais mandam carta ao Itamaraty pedindo fim da exploração de combustíveis fósseis na Amazonia

Os articuladores do documento têm a expectativa de que o tema seja discutido na COP30

Desenvolvimento da economia extrativista favorece a preservação -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Desenvolvimento da economia extrativista favorece a preservação - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

Por Letícia Corrêa*

Em uma carta enviada ao Itamaraty, nesta segunda-feira (11/8), organizações ambientais solicitaram posicionamento do Brasil contra a exploração e produção de petróleo e gás na Amazônia. Os remetentes do documento esperam que o país defenda o fim da extração de combustíveis fósseis na Cúpula da Amazônia e futuramente na COP30, em Belém.

“É hora de dar um passo corajoso e tomar uma decisão clara: não mais expansão de combustíveis fósseis na Amazônia. A Declaração de Bogotá deve refletir este compromisso e reconhecer a Amazônia como a primeira zona de exclusão global para a exploração e produção de petróleo e gás”, diz a carta.

Os presidentes dos países amazônicos se reunirão em Bogotá, para a Cúpula da Amazônia, neste ano. O evento tem como objetivo ser uma espécie de ensaio para a COP30, pois é nele que as declarações em conjunto apresentadas na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima serão formuladas.

O coordenador de Articulação do Coletivo Pororoka, uma das organizações que assinou a carta, João Pedro Galvão, enfatizou a necessidade e a urgência de dizer não à expansão dos combustíveis fósseis na área da Floresta Amazônica. De acordo com ele, não só acidentes ocorrem na exploração de petróleo como também a negligência com povos originários que residem nos locais das explorações.

“Os indígenas Mura da região do rio Anebá, no município de Silves (Amazonas), por exemplo, sequer tiveram sua existência reconhecida quando a empresa Eneva começou a explorar gás a quilômetros do seu território”, conta João Pedro. "A riqueza proveniente dos royalties de atividades extrativas como petróleo e gás nunca chegou para nós que estamos na Amazônia. Só conhecemos os impactos socioambientais, que são altíssimos", completa.

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Procurada pelo Correio, a Eneva informou que "todos os seus projetos são conduzidos com rigor técnico e absoluto respeito aos direitos das comunidades locais, à legislação ambiental e aos trâmites legais estabelecidos pelos órgãos competentes". A empresa acrescentou que as licenças para as atividades da companhia no Amazonas são emitidas pelo órgão ambiental competente, de acordo com a legislação vigente, e contam com acompanhamento contínuo das autoridades.

"Além de atuar com responsabilidade ambiental, a Eneva contribui diretamente para o desenvolvimento social e econômico das regiões onde opera. No Amazonas, já gerou mais de 3,5 mil empregos diretos e indiretos, priorizando a contratação local", conclui a nota da Eneva. 

O Ministério das Relações Exteriores não retornou aos contatos da reportagem. 

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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postado em 11/08/2025 21:04 / atualizado em 12/08/2025 20:12
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