JUSTIÇA

Alesp rejeita cassação Lucas Bove por denúncia de violência contra Cintia Chagas

Deputado estadual é acusado de violência física e psicológica contra ex-esposa; parlamentares alegam ausência de provas

Nas redes sociais, Cíntia Chagas apareceu chorando em vídeo em que comenta o arquivamento.
Nas redes sociais, Cíntia Chagas apareceu chorando em vídeo em que comenta o arquivamento. "Hoje, todas as mulheres apanharam comigo", escreveu. - (crédito: Reprodução/Instagram e Rodrigo Costa/Alesp)

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) arquivou o pedido de cassação por quebra de decoro contra o deputado Lucas Bove (PL-SP), acusado de agredir a ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas. Em votação nominal na terça-feira (27/8), o parlamentar teve decisão favorável por seis votos a um. 

Os deputados Oseias de Madureira (PSD-SP), Carlos Cezar (PL-SP), Dirceu Dalben (PSDB/Cidadania-SP), Rafael Saraiva (UNIÃO-SP) e Delegado Olim (PP-SP) votaram contra a admissibilidade do processo. Apenas Ediane Maria (PSOL/REDE-SP) fez voto favorável à cassação. Segundo os parlamentares, não há provas materiais contra Bove, já que a denúncia está em fase de inquérito policial e corre em sigilo de Justiça. 

Nas redes sociais, Cíntia Chagas apareceu chorando em vídeo em que comenta o arquivamento. “Hoje, todas as mulheres apanharam comigo”, escreveu. Segundo ela, a decisão mostra a “autodefesa masculina presente na Alesp”. 

A influenciadora disse ainda que os deputados “riem da cara da sociedade” e que contrariam a Justiças, já que, segundo Cíntia, ela estaria ganhando no processo judicial. “Não é à toa que ele falava frases como ‘eu sou branco, sou deputado e tenho cara de rico, comigo nada vai acontecer’”, relatou. 

 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Ci?ntia Chagas (@cintiachagass)

Troca de acusações

Presente na reunião, o deputado Lucas Bove afirmou que não tinha permissão da Justiça para comentar o caso, mas alegou que o processo se baseia em “sites de fofoca” e em um dos lados da história. O parlamentar pediu pelo arquivamento para que a Assembleia “não passe a vergonha de posteriormente ter que voltar a discutir e gastar dinheiro público sobre um caso que será aprovado como falacioso”. 

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Antes da fala dele, a deputada Paula Nunes (PSol/REDE-SP) da bancada feminista, uma das autoras do pedido, abriu a sessão com fala sobre as denúncias contra Bove. “A violência doméstica é incompatível com qualquer cidadão, mas quando a gente fala sobre um deputado estadual, quando a gente fala sobre o tipo de conduta ilibada, o compromisso com a promoção de direitos que um deputado estadual deve ter, é inegável que essa conduta é incompatível com o exercício de um mandato de deputado estadual”, declarou. Paula não ficou até o fim da reunião, mas foi substituída por Ediane Maria, único voto a favor da cassação. 

O discurso da deputada causou atritos com Bove, que chamou a fala de “paralelo inconsequente e distante da realidade”. Ele também criticou o que chamou de utilização política do fato. Anteriormente, a parlamentar havia citado corte de verbas para as ações de combate à violência doméstica pelo governo de Tarcisio de Freitas (Republicanos-SP).

 

  • Google Discover Icon
postado em 27/08/2025 16:16 / atualizado em 27/08/2025 16:16
x