RIO DE JANEIRO

Cachoeira construída com 40 toneladas de lixo retirados do mar vira atração

Morador de Magé (RJ) diz que cada parte da cachoeira carrega a história de um lixo que antes poluía rios e mares, mas hoje se transformou em beleza e educação ambiental

Grande parte dos resíduos recicláveis usados na cachoeira veio do Projeto Águas da Guanabara, como pneus, plásticos duros e restos de isopor -  (crédito: André Marinho de Moraes)
Grande parte dos resíduos recicláveis usados na cachoeira veio do Projeto Águas da Guanabara, como pneus, plásticos duros e restos de isopor - (crédito: André Marinho de Moraes)

O empresário carioca André Marinho de Moraes construiu uma cachoeira artificial com 25 metros de queda d´água utilizando 40 toneladas de resíduos recicláveis, principalmente pneus retirados da Baía de Guanabara. A obra começou há cerca de dois anos e hoje está 90% concluída. Segundo André, falta finalizar os acabamentos do entorno da cachoeira, como o paisagismo, a parte elétrica e detalhes de segurança e acessibilidade. 

O projeto foi criado no bairro de Santo Aleixo, em Magé (RJ), onde André nasceu e mora até hoje. Ele aproveitou uma propriedade que pertenceu ao avô dele e estava abandonada há muitos anos. "Isso me motivou a resgatar esse espaço com uma proposta inovadora, sustentável e que envolvesse a comunidade local. Assim nasceu a ideia da cachoeira artificial", relatou o empresário ao Correio.

Além do material reciclado, a água é toda recirculada, em um sistema fechado, sem desperdício. "Nós usamos filtragem e ozônio pra manter a qualidade. E ainda aproveitamos a água da chuva, sem precisar desviar nenhum rio", cita André. O espaço que abriga a cachoeira recebeu o nome de Eco Resort Castelinho.

  • Empresário constrói cachoeira com 40 toneladas de resíduos recicláveis
    Empresário constrói cachoeira com 40 toneladas de resíduos recicláveis André Marinho de Moraes
  • Empresário constrói cachoeira com 40 toneladas de resíduos recicláveis
    Empresário constrói cachoeira com 40 toneladas de resíduos recicláveis André Marinho de Moraes

Grande parte dos resíduos recicláveis veio do Projeto Águas da Guanabara, como pneus, plásticos duros e restos de isopor. Esses materiais foram aproveitados como preenchimento interno das pedras, recebendo três camadas de impermeabilização, que protegem contra a umidade e eliminam qualquer risco de contaminação do solo e da água. "Cada parte da cachoeira carrega a história de um lixo que antes poluía rios e mares, mas hoje se transformou em beleza, lazer e educação ambiental", frisa o idealizador do projeto.

Ao todo, entre pedreiros, artesãos, ajudantes, técnicos e voluntários, cerca de 35 pessoas já participaram diretamente da construção da cachoeira. O objetivo de André é transformar esse espaço em um ponto turístico sustentável e, ao mesmo tempo, gerar oportunidade de emprego para a comunidade onde ele nasceu e mora.

"Mas não é só isso. Quero que aqui seja também um lugar de aprendizado, principalmente para as crianças e os jovens. Eu estudei em escola pública e nunca esqueci do meu primeiro passeio escolar, eu tinha uns 10 anos. Aquilo marcou a minha vida. É isso que queremos proporcionar: experiências que fiquem na memória dessas crianças, mas com um propósito, ensinar a cuidar do nosso meio ambiente e mostrar que é possível transformar dificuldade em coisa boa. Esse é o verdadeiro legado da nossa educação ambiental", conta André.

Segundo o empresário, essa parte da educação ambiental só é possível porque há o suporte do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), junto com a Área de Proteção Ambiental (APA) Petrópolis. André tem vontade de expandir essa ideia para outros municípios e até mesmo para outros estados, adaptando às realidades locais e utilizando resíduos de cada região.

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postado em 04/10/2025 05:30
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