
Com faixas com os dizeres “Não foi operação, foi chacina” e “Chega de chacina, pela vida do povo negro", a Coalizão Negra por Direitos realizou ato em frente ao Museu da República, no início da norte desta sexta-feira (31/10), em Brasília, em protesto contra a megaoperação policial orquestrada pelo governador do Rio de Janeiro, Caio Castro (PL), na terça-feira (29/10), nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense.
O saldo da investida de policiais civis e militares do estado resultou, na última contagem, em 121 mortes, superando o massacre do Carandiru, presídio da Zona Norte de São Paulo, em 1992.
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O protesto, com cerca de 200 a 300 pessoas pelas estimativas dos organizadores, teve como objetivo classificar o ocorrido no Rio como chacina e protestar contra a morte da população negra no país. Os manifestantes foram ao protesto vestidos com camisa branca, seguravam uma vela acesa e, em coro, pediram o fim das polícias militares. Além disso, gritavam: “Chega de chacina, PM na favela e Israel na Palestina”.
Segundo uma das organizadoras do evento, a assistente social Keka Bagno, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a mobilização pelo ato foi feita desde quarta-feira e grande parte dos manifestantes eram habitantes de cidades do entorno do DF.
“Trata-se de um ato nacional, em várias cidades do país. E nós sabemos que é muito importante fazer essa manifestação, aqui, no DF, porque a capital federal é muito segregada. Muitas pessoas acham que não existe violência policial no Distrito Federal e que o racismo não está presente em Brasília”, afirmou, em entrevista ao Correio. Segundo ela, o movimento fez um manifesto cobrando que a Câmara Legislativa também aponte e cobre do Executivo do DF ações antirracistas.
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Na avaliação de Bagno, a resposta do governo federal após surpresa com a operação do governo do Rio de Janeiro está sendo “insuficiente”. “Nós entendemos a importância da cautela que temos que ter neste momento frágil da democracia”, afirmou.
Além de representantes de movimentos sociais, três deputados distritais participaram da manifestação: Fábio Felix (PSol), Max Maciel (Psol) e Gabriel Magno (PT). Os discursos dos que falavam ao microfone no caminhão de som eram de críticas ao governador Caio Castro e aos governadores da direita que apoiaram a operação.
O deputado Gabriel Magno, por exemplo, foi bastante incisivo em afirmar que a manifestação não era pelos direitos dos bandidos, mas por um julgamento justo dos criminosos, uma vez que “não existe pena de morte no país”. “O Estado deveria julgá-los”, afirmou.
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