LUTO

Morre Sergio Miceli, referência da sociologia no país, aos 80 anos

Sociologia brasileira perdeu um dos nomes mais influentes, cuja obra seguirá iluminando o estudo da cultura e da intelectualidade no país

O sociólogo, escritor e pesquisador Sergio Miceli Pessôa de Barros, um dos principais nomes da Sociologia da Cultura e o Pensamento Social Brasileiro, morreu em São Paulo na sexta-feira (12/12), aos 80 anos. A informação foi confirmada por instituições acadêmicas das quais fazia parte, como o Laboratório de Humanidades da UFBA (LABHDUFBA) e a Universidade de São Paulo (USP), onde foi professor titular.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Miceli construiu uma trajetória intelectual com o objetivo de compreender a formação das elites culturais, políticas e intelectuais no Brasil. Graduado em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio em 1967, tornou-se mestre pela USP em 1971 e, anos depois, concluiu um raro doutorado duplo: pela própria USP e pela tradicional École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), na França, em 1978. Seu trabalho teve coorientação do sociólogo francês Pierre Bourdieu, uma das principais influências de sua produção.

Publicou mais de 40 livros e consolidou obras fundamentais para o debate sociológico. Entre elas, A noite da madrinha (1972), Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-1945) (1979), A elite eclesiástica brasileira (1988), Imagens negociadas (1996), Historia social de los intelectuales en América Latina (2008) e Cultura e sociedade: Brasil e Argentina (2014), este último organizado ao lado da antropóloga Heloisa Pontes, sua esposa.

Em comunicado publicado no Jornal da USP, a Reitoria destacou a importância do sociólogo para a universidade e para o pensamento social brasileiro. A nota lembra que ele coordenou a coletânea História das Ciências Sociais no Brasil (1989), referência até hoje e resultado de um grande esforço conjunto no Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo (IDESP).

Miceli presidia a Editora da USP (Edusp) desde março de 2022, cargo que já havia exercido na década de 1990 — e defendia com vigor o papel das editoras universitárias na preservação e difusão do conhecimento. Em suas palavras, o compromisso era publicar obras de alto valor cultural e científico que “as editoras comerciais jamais fariam”.

Instituições, colegas, estudantes e pesquisadores de diversas gerações manifestaram pesar pela perda de uma figura considerada indispensável para a sociologia brasileira. Para o LABHDUFBA, Miceli foi um “sociólogo fundamental”, cuja contribuição seguirá orientando estudos sobre cultura, intelectuais e sociedade no país. A Academia Brasileira de Ciência manifestou profundo pesar com a perda prestou solidariedade a amigos e familiares. 

Sergio Miceli deixa um legado decisivo para as ciências sociais, para a universidade pública e para o entendimento das estruturas culturais brasileiras. 

https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html 

Mais Lidas