A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou, nesta segunda-feira (29/12), a tradicional mensagem de Ano Novo, na qual reafirma a esperança cristã como força transformadora, ao mesmo tempo em que faz um duro alerta sobre retrocessos éticos, sociais e democráticos no país. Os bispos se dirigem ao povo brasileiro com palavras de encorajamento, mas também de “grave preocupação” diante de situações que ferem a dignidade humana.
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Segundo a CNBB, a mensagem nasce do espírito do Natal e do encerramento do Ano Jubilar nas dioceses, tempo marcado pela alegria da encarnação de Jesus Cristo, mas também pela responsabilidade diante da realidade nacional. “Como pastores, exultamos com as vitórias e conquistas e nos inquietamos – e até nos indignamos – com alguns retrocessos no campo da ética e do cuidado com os pobres”, afirmam.
Entre os pontos positivos de 2025, os bispos destacam avanços na área da saúde, como o aumento do número de médicos por habitante e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). No campo econômico, citam a queda do desemprego, a estabilidade da inflação, o crescimento do PIB, a expansão do cooperativismo e a abertura de novos mercados internacionais. Na mensagem, a CNBB também celebra a realização da COP-30, em Belém, e o protagonismo do Brasil na área de energias renováveis, além do aumento dos investimentos em sustentabilidade e práticas de governança ambiental e social.
Outro aspecto valorizado é a mobilização social, especialmente a realização do Plebiscito Popular sobre a redução da jornada de trabalho e a taxação proporcional da riqueza, vista como sinal de participação cidadã e busca por maior justiça social.
Apesar desses avanços, o documento elenca uma série de preocupações. Os bispos apontam o alto custo do pagamento da dívida pública, que compromete investimentos em áreas essenciais, o enfraquecimento da ética e o aumento da corrupção, além da fragilização dos mecanismos democráticos. Também criticam mudanças em marcos legais, como a Lei da Ficha Limpa, o desrespeito aos povos originários após a aprovação do Marco Temporal, e ameaças à proteção ambiental.
A CNBB denuncia ainda a persistência da desigualdade social, o crescimento da violência — com destaque para o feminicídio e crimes motivados pela intolerância —, o avanço das drogas e das economias ilícitas, além da “perda de decoro” e da falta de responsabilidade de algumas autoridades públicas. Para os bispos, discursos de ódio, radicalismos ideológicos e interesses particulares não podem se sobrepor ao bem comum.
A democracia é apresentada como um patrimônio do povo brasileiro que precisa ser cuidado e fortalecido. Mesmo com suas imperfeições, dizem os bispos, ela é o espaço onde o diálogo, a justiça e a verdade podem florescer. A CNBB conclama a sociedade a reencontrar o caminho da pacificação, do respeito mútuo e do diálogo, assumindo uma postura de “peregrinos de esperança”.
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