JÚRI POPULAR

Justiça condena militar da reserva que matou esposa e vizinho no Cruzeiro Novo

Tribunal do Júri de Brasília condenou Juenil Bonfim de Queiroz a 30 anos de prisão pelo feminicídio de Francisca Naidde de Oliveira Queiroz, companheira do réu, e pelo assassinato de Francisco de Assis Pereira da Silva, vizinho do casal

Pablo Giovanni*
postado em 02/12/2021 18:56 / atualizado em 02/12/2021 21:03
As vítimas: Francisca Náidde de Oliveira Queiroz, à época, com 57 anos, e Francisco de Assis Pereira da Silva, 42 -  (crédito: Arquivo pessoal)
As vítimas: Francisca Náidde de Oliveira Queiroz, à época, com 57 anos, e Francisco de Assis Pereira da Silva, 42 - (crédito: Arquivo pessoal)

O Tribunal do Júri de Brasília condenou Juenil Bonfim de Queiroz, sargento da reserva da Aeronáutica, a 30 anos de prisão pelo feminicídio de Francisca Naidde de Oliveira Queiroz, esposa do acusado, e pelo assassinato de Francisco de Assis Pereira da Silva, vizinho do casal. O duplo homicídio aconteceu no Cruzeiro Novo, em 12 de junho de 2019. O militar suspeitava que as vítimas tivessem uma relação extraconjugal. No entanto, Francisco de Assis era casado com outro homem.

À época do caso, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o militar por homicídios qualificados por feminicídio, motivo torpe e impossibilidade de defesa das vítimas. O Conselho de Sentença, formado pelos integrantes do júri popular, acatou todas as acusações na decisão coletiva. Para o conselho, Juenil respondeu positivamente quanto à materialidade e à autoria dos crimes.

O regime de cumprimento de pena será, inicialmente fechado. Em relação à substituição dela, o juiz que assinou a sentença considerou a possibilidade "incabível", diante da quantidade de tempo definida e da violência do crime. Além disso, o documento ressalta não haver novos fatos que justifiquem a revogação da prisão do acusado. O advogado André Luiz Bueno da Silva, responsável pela defesa do réu, informou à reportagem que recorrerá da decisão.

Viúvo de Francisco, Marcelo Soares Brito, 42 anos, disse estar grato pelo entendimento do júri popular. Ele lamenta, porém, o fato de que a condenação não trará o marido de volta nem amenizará a falta que o companheiro faz.

"Estou tentando absorver tudo o que aconteceu durante esse dia de julgamento. Relembrar (o ocorrido) foi muito doloroso. Eu acredito na justiça do homem e, também, na divina, porque sei que Deus está fazendo justiça. Isso não vai trazer o Francisco (de volta), muito menos ameniza minha dor. Ao menos, creio que ele (Juenil) pagar pelos crimes que cometeu é de grande valia. Foram dois anos e meio de muita espera. Mas estou grato pela justiça", disse Marcelo ao Correio.

Assassinatos

O crime ocorreu dentro do apartamento onde Juenil e Francisca moravam. O militar da reserva suspeitava que a esposa dele e o vizinho tinham um caso. Naquela noite, o acusado, que era síndico do prédio, obrigou as vítimas a subirem ao apartamento dele.

Marcelo também esteve no imóvel. Armado, Juenil fez repetidas acusações de que Francisca e Francisco teriam um caso. Mesmo diante das negativas e de pedidos para que o militar da reserva não disparasse, o acusado atirou contra as vítimas. Francisca morreu no local, enquanto o vizinho foi levado ao Hospital de Base, mas não resistiu. 

Após o crime, o sargento da reserva tentou fugir. No entanto, ele foi detido em flagrante. Na delegacia, assumiu a autoria dos dois assassinatos.

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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