Pandemia

GDF tem mais de 570 mil doses de CoronaVac em estoque para crianças e adultos

Uso do imunizante em pessoas de 6 a 17 anos foi autorizado pela Anvisa. Secretaria de Saúde garante que há doses suficientes para esse público. Pasta confirma erro na aplicação de duas vacinas. Taxa de transmissão sobe para 2,58

Samara Schwingel
Pedro Marra
postado em 21/01/2022 06:00
A servidora pública Eneyde Andreya Riomar esperou cerca de três horas para fazer o teste de covid-19 na UBS 2 da Asa Norte. Resultado foi negativo -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)
A servidora pública Eneyde Andreya Riomar esperou cerca de três horas para fazer o teste de covid-19 na UBS 2 da Asa Norte. Resultado foi negativo - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A.Press)

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmou que aguarda envio de uma nota técnica do Ministério da Saúde para iniciar o uso da Coronavac na vacinação de crianças de 6 a 17 anos de idade e sem comorbidades. A medida foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nessa quinta-feira (20/1). Titular da pasta local, Manoel Pafiadache ressaltou que Brasília tem doses disponíveis para começar o atendimento com esse imunizante imediatamente. "Não há nenhuma intenção de compra de vacina. Temos estoques suficientes de CoronaVac", garantiu o secretário. São 570 mil unidades na Rede de Frio da pasta.

Enquanto isso, a taxa de transmissão do vírus no DF sobe a cada dia, chegando próximo ao maior índice registrado, de 2,61, em março de 2020. Na quinta-feira, o número atingiu 2,58 — em que 100 pessoas infectam outras 258. O valor se aproxima do maior registrado desde o início da pandemia — que foi de 2,61 em março de 2020. Para evitar ainda mais o avanço da pandemia, o Governo do Distrito Federal (GDF) segue com o plano de vacinação. No entanto, a Secretaria de Saúde confirmou que houve erro na aplicação do imunizante contra a covid-19 em duas crianças. Segundo o Governo Federal, o número é bem maior, 272 atendimento incorretos em pessoas de até 17 anos. A pasta distrital está checando os dados para confirmar o número certo.

De acordo com o secretário Manoel Pafiadache, as duas crianças tomaram a vacina da Pfizer e estão em observação. "Elas estão sendo cuidadas, sem intercorrências, mas é nossa obrigação observar. Os casos estão em análise", destacou, em coletiva realizada na sede da pasta. Uma adolescente de 12 anos foi imunizada com a dose pediátrica. Profissionais da unidade em que ela foi atendida relataram que a mãe da menina se equivocou e disse que a jovem tinha 11 anos. O outro caso foi de uma criança de 9 anos que recebeu a dose para adultos. 

Apesar da quantidade repassada pelo secretário, a Advocacia-Geral da União (AGU) notificou que, no DF, quatro crianças de 5 a 11 anos e 103 de 12 a 17 anos receberam a vacina da AstraZeneca; três de até 4 anos, quatro de 5 a 11 anos e 131 de 12 a 17 anos receberam doses da CoronaVac; e 27 de 12 a 17 anos foram vacinadas com Janssen. De acordo com as recomendações da Anvisa, as pessoas com menos de 18 anos só podem ser tomar as doses específicas de Pfizer.

Diretor de Vigilância Epidemiológica, Fabiano dos Anjos informou que a pasta investiga as ocorrências. "É importante a gente reforçar que, não necessariamente, por estarem no relatório, os dados são verdadeiros. Eles precisam passar por diversas análises para que possamos afirmar que realmente houve erro na aplicação de doses e não erro material (de registro)", detalhou.

Testagem

Em meio ao aumento de casos, a procura pelo teste para detecção da covid-19 é alta. A rede pública realizou, desde o início de 2022, 47.241 exames. Um balanço, feito pela Secretaria de Saúde, mostra que, do total de avaliações, 16,44% das amostras colhidas tiveram resultado positivo para a infecção do novo coronavírus. Em parceria com farmácias particulares, desde terça-feira, a Saúde realizou 373 testes e 16,35% foram soropositivo.

A grande procura gera filas e atrasos. Na quinta-feira, a servidora pública Eneyde Andreya Riomar, 57 anos, chegou à unidade básica de saúde (UBS) 2 da Asa Norte às 11h45 e conseguiu fazer o teste por volta das 15h. Os profissionais de saúde do local começaram a distribuir as senhas às 13h, quando havia 34 pessoas na frente dela. "Distribuíram 60 senhas, mas por que essa distribuição não começou às 12h30? Tem muita gente que fica no sol esperando ser chamado", criticou a moradora da Asa Norte. Apesar da espera, a notícia boa veio: negativo para covid-19.

Segundo a Secretaria de Saúde, os pontos de testagem têm horários de maior movimentação entre 9h e 10h. "Depois, temos uma tarde tranquila. Se a população for fora do horário de pico, ela ajuda o serviço, não sobrecarrega e fica menos tempo na fila", aconselhou o secretário-adjunto de Assistência à Saúde Fernando Érick Damasceno. Ele salienta a pasta busca aumentar a oferta de testes disponíveis na rede. O estoque atual é de 503.280 kits.

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Risco de mais mortes

Um estudo conduzido por diversas instituições de ensino, como a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), a Universidade de Brasília (UnB), o Senai Cimatec, entre outras, apontou que o DF deve passar por aumento no número de óbitos pela covid-19 nas próximas duas semanas. O estudo observou "uma clara tendência em um aumento significativo nos casos em crianças e jovens, causado pelo retorno às aulas presenciais". A pesquisa teve como objetivo analisar a situação e a evolução da pandemia na capital federal.

Tarcísio Rocha, professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB) e participante do estudo, detalha que a previsão do aumento de mortes foi feita com base no intervalo entre a contaminação e o óbito daqueles que desenvolvem a forma mais grave da doença. Porém, ele destaca que, graças à vacinação, o número de mortes não vai ser proporcional ao número de casos. "Tem-se um período entre o tempo dos sintomas e a data de falecimento. Isso dá cerca de 18 dias. Quando começa a se ter esse aumento de casos, ainda não deu tempo de a pessoa morrer. Mas, a mortalidade vai ser menor porque já tem uma parcela boa vacinada. Não vai crescer na mesma proporção que o número de casos", frisa.

Em relação ao aumento de casos em crianças e jovens, Tarcísio ressalta que, como a ômicron é muito transmissível e esse público ainda não está vacinado, é provável que se tenha um pico de infecções. "Nesse momento mais crítico, seria interessante as aulas serem a distância. Quanto menor o contato social, menor o risco", argumenta. O professor explica que essa fase de avanço da pandemia deve durar cerca de dois meses. "Depende de muitos fatores, mas é isso que temos visto em outros países", completa.

 

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