Tradição e fé movimentam festa de Pentecostes no Taguaparque

Há 23 anos, o evento mobiliza milhares de devotos que lotam a celebração de Pentecostes e ocupam parte dos 250 mil metros quadrados do Taguaparque. Auge da festa será às 16h

Ricardo Daehn
postado em 05/06/2022 06:00
Fabiane chegou às 9h e armou barracas para abrigar toda a família para acompanhar o evento -  (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Fabiane chegou às 9h e armou barracas para abrigar toda a família para acompanhar o evento - (crédito: Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A retomada das atividades da Semana de Pentecostes, depois de dois anos inviabilizadas, tem levado, desde a última sexta, milhares de católicos ao Taguaparque. O auge da festa, com o Domingo de Pentecostes, tem missa para às 16h. A reunião de fiéis culmina com a consagração da terceira vela, ao Espírito Santo. A expectativa é de que isso ocorra a partir das 19h30, na missa celebrada pelo padre Moacir Anastácio. Há 23 anos, o evento mobiliza devotos que, atualmente, lotam a festa e ocupam grande parte dos 250 mil metros quadrados do Taguaparque.

"Com a graça de Deus", Flávio Camargo, um dos membros da organização, comemorava a perspectiva de, diariamente, ver mais 600 mil pessoas participando da festa. Originalmente, o evento era realizado na Paróquia São Pedro (Taguatinga Sul). Na sequência, foi transferido para a Facita e, depois, para o Parque Leão.

A promessa de milagres, em momentos de dificuldades, mobiliza pessoas para as fervorosas orações que podem vir acompanhadas pela consagração das velas aos elementos da Trindade Santa: Pai, Filho e Espírito Santo. Celebrado 50 dias depois do Domingo de Páscoa, Pentecostes representa a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. "Depois da Ascensão de Jesus, houve a orientação de que os apóstolos permanecessem reunidos, a fim de que o Pai enviasse o Espírito Santo para um encorajamento", explica Flávio Camargo.

A história de união, há 12 anos, do casal Divinor e Rosana Cardoso foi celebrada quando Pentecostes ocorria na Paróquia São Pedro. O mecânico industrial e a técnica administrativa comparecem à festa desde 2007. No evento de 2022, depois de muitas perdas de familiares e de amigos para a covid-19, o casal era só agradecimentos. "A vitória pela vida é o grande ganho, passado o pior momento da pandemia. Vejo Pentecostes como a renovação da fé", disse Rosana. Divinor também expressou o mesmo sentimento. "Pela minha fé, acredito não ter sido contaminado pela covid-19. A vitória é nossa: mas, sempre respeitando os recursos que nos foram enviados, como as máscaras e a vacinação".

A técnica de enfermagem Fabiane Correia, 27 anos, que desde os 20 participa da celebração, estava entusiasmada pela retomada. Para não perder nenhum detalhe, junto com primas e com a mãe, Fabiane chegou às 9h e armou barracas para abrigar a família em que todos são religiosos. "Para mim, Pentecostes representa a eterna ressurreição da esperança, o ciclo de estar sempre buscando Deus e também o de servir a algum propósito", comentou.

Há mais de 40 anos envolvido pelo consumo exagerado de bebidas, o pai de Fabiane servia de motivação mais imediata para a mobilização religiosa da moradaora da Cidade Estrutural. "Vale a pena persistir", simplificou. Determinada, a técnica de enfermagem, que segue atuando no setor da UTI do Hospital Santa Lúcia (Asa Sul) conta que Pentecostes acirra o desejo de agradecer, depois de toda a extensão de males presenciados com a pandemia. "Tenho que agradecer por estar aqui, depois de acompanhar o sofrimento de tantas pessoas. Comemoro a saúde, uma vez que, até o momento, ainda não peguei vírus da covid-19", disse.

Admiradora do padre Moacir, a moradora de Paracatu (MG) Abadia Guimarães, há mais de uma década comparece a Pentecostes. "Como ele mesmo se diz, semianalfabeto, o padre traz este dom que vem como um sinal da ação de Deus — e é coisa do Espírito Santo: impressiona como ele consegue juntar um rebanho destes", avalia. Abadia traz, para além da fé, a certeza de um milagre: há quatro anos, viu com desgosto a morte de um tio suicida. "Ninguém sabia onde ele tinha se escondido para morrer. Num domingo, eu apanhei as velas consagradas, e iniciamos muitas orações. Na terça, ele foi encontrado", conta a mineira.

A comerciante Sirlei Mourão, 58 anos, depositava na ocasião de Pentecostes a expectativa de aguardar renovação. "Vim com o coração cheio de saudades, e aguardando bênçãos. Tenho fé por toda a minha família", pontuou a taguatinguense que comparece sozinha ao evento. Foi pela fé depositada na vela de cura, que Sirlei acredita ter sido vitoriosa, ao debelar um câncer, em 2014. 

 

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  • Abadia agradece por um milagre, que atribui a Pentecostes
    Abadia agradece por um milagre, que atribui a Pentecostes Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  04/06/2022. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Pentecostes no Taguaparque em Taguatinga. Sirlei Mourao.
      Originating
    04/06/2022. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Pentecostes no Taguaparque em Taguatinga. Sirlei Mourao. Originating Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
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