Meio ambiente

Trilheiros percorrem 525 km de expedição rumo à Chapada dos Veadeiros

Projeto Caminho dos Veadeiros reúne trilheiros que partiram de Formosa (GO) rumo a Cavalcante (GO). O percurso dura cerca de 20 dias e é uma forma de incentivar o ecoturismo e a economia local

Pedro Marra
postado em 14/07/2023 14:28 / atualizado em 14/07/2023 16:28
Guia turístico Guilhermy Maso, 37, (meio) no Caminho dos Veadeiros com voluntários Márcio Chapola, 51 e Mateus Matos, 31 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Guia turístico Guilhermy Maso, 37, (meio) no Caminho dos Veadeiros com voluntários Márcio Chapola, 51 e Mateus Matos, 31 - (crédito: Arquivo pessoal)

Para incentivar o ecoturismo do cerrado e a economia local, o projeto Caminho dos Veadeiros reuniu três trilheiros experientes que se voluntariaram para percorrerem mais de 525 quilômetros a pé. Em 6 de julho, o grupo saiu de Formosa (GO), no Entorno do Distrito Federal, rumo ao destino final: Cavalcante (GO), município na Chapada dos Veadeiros.

Com 15 a 20 dias de duração, a expedição-piloto e conduzida pelo guia turístico Guilhermy Maso, 37 anos, pelos voluntários Mateus Matos, 31, empresário, e Márcio Chapola, 50, militar da reserva. Até esta quarta-feira (12/7), o trio percorreu 160 quilômetros de cachoeiras, dormiu na beira de rios e caminhou pelo Parque Municipal do Itiquira. No dia seguinte, passou por São João D’Aliança, conhecido como o Portal da Chapada dos Veadeiros.

O guia turístico conta que, em alguns dias, andaram apenas 15km devido às dificuldades apresentadas pelo caminho, como trechos sem trilha. Em outros dias, conseguiram percorrer 32km a pé. Em seguida, o trio andou na Serra Geral do Paranã, em São João D’Aliança, rumo a Alto Paraíso de Goiás.

Guia há um ano e frequentador da Chapada dos Veadeiros há 15, Guilhermy participou de trilhas exploratórias de diversos pontos percorridos com os voluntários. “Mesmo conhecendo alguns trechos, percorrer o caminho todo de uma vez, reunindo o trabalho de anos de muitas pessoas, foi algo muito revelador. Não esperava nem metade de tudo que já aconteceu”, emociona-se.

  • Arquivo pessoal
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Mateus conta que o grupo passou por diferentes fitofisionomias do cerrado (tipos de vegetação presentes em um determinado bioma) e identificou mudanças no terreno. “Percebemos que o cerrado está sendo invadido por espécies invasoras, além de muitas plantações e áreas abertas para gado”, assegura.

Colaboradora do Caminho dos Veadeiros, a policial militar ambiental Jussiara Lopes, 32, auxilia os voluntários em contato com donos de pousadas e comerciantes próximos aos trilheiros com a entrega de alguns itens para a trilha, como chinelo, comida e pilha para rastreador.

Esse trabalho mostra uma das propostas da iniciativa colocadas em prática: aquecer a economia local. “O Caminho dos Veadeiros é uma trilha de longo curso que passa a pé e de bike por comunidades, muitas vezes, esquecidas”, revela.

Parte da Rede Brasileira de Trilhas, o projeto é uma iniciativa conjunta entre a Associação de Escalada do Planalto Central (AEP), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Ministério do Turismo (MTur), Goiás Turismo, Prefeituras, associações de guias, empreendedores e outras instituições. Um dos princípios do projeto é a conservação ambiental. “Quanto mais pessoas conscientes passam por esses locais, mais o desenvolvimento acontece”, comenta Jussiara.

Confira a rota da caminhada do grupo

Caminho Alto

Composto por estradas estaduais com pouco movimento ligadas por estradas municipais vicinais e trilhas onde o silêncio e a natureza reinam, o Caminho dos Veadeiros segue pela parte alta da Serra do Paranã, começando em Planaltina.

Em seguida, é preciso passar pelo povoado do Córrego Rico, pelo município de Água Fria de Goiás, chegando em São João D'Aliança, dando acesso ao Morro do Vento, Cachoeira das Andorinhas, Bocaina do Farias e Macaquinhos. Após um curto trecho em asfalto pela BR-010, chega-se a Alto Paraíso de Goiás. Nessa parte, são atingidos aproximadamente 258 quilômetros.

Caminho Baixo

Logo depois, a trilha segue pela parte baixa da Serra do Paranã, começando em Formosa, passando pelo Parque Municipal do Itiquira, São João D'liança e Alto Paraíso. A maior parte do caminho segue pela GO-116, incorporando o Pedal das Pontes, famoso desafio entre os ciclistas da região.

Essa rota dá acesso à parte baixa da EcoBocaina (parque de Ecoturismo em Formosa), à Cachoeira do Label e à vista dos paredões da Serra do Paranã, até contornar a Serra da Baliza e chegar em Alto Paraíso, onde encontra o Caminho Alto. Esse percurso atinge 266 quilômetros de trilha.

Ciclovia

A partir de Alto Paraíso, a rota segue por uma ciclovia que passa aos pés dos morros do Buracão e da Baleia, pelo Jardim de Maytrea, até chegar em São Jorge, antigo povoado garimpeiro localizado na entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. De lá, segue para Colinas do Sul e Cavalcante. A extensão estimada de Alto Paraíso até Cavalcante é de 204 quilômetros.

Os pontos de pernoite costumam ser nas sedes de propriedades rurais para garantir a segurança do viajante, geração de renda e a gestão de lixo, mantimentos e objetos. Há trechos onde o pernoite é feito em áreas selvagens.

Sinalização

A trilha ainda encontra-se em implementação. Alguns trechos já estão liberados e contam com a sinalização no leito principal com a técnica de sinalização rústica, pintada em rochas, árvores e mourões. No sentido Sul-Norte, o visitante deve seguir as pegadas amarelas em fundo preto. No sentido Norte-Sul, a rota deve seguir as pegadas pretas em fundo amarelo.

Não há placas ou outros itens de direção e a sinalização pode desaparecer devido às intempéries, por isso é recomendado o uso de GPS como apoio ou a contratação de um condutor. Os trechos liberados estão disponíveis no perfil oficial do projeto na plataforma Wikiloc.

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