Operação

Naime mandou deixar os militares "se virar" no acampamento do QG

O ex-comandante da PM chamava os militares de "melancia", insinuação de que seriam ideologicamente de esquerda. Naime mandou deixar que se virassem para conter o acampamento no QG. Ele está detido desde 7 de fevereiro

Em troca de mensagens, Naime chamava os militares de
Em troca de mensagens, Naime chamava os militares de "melancia" - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Pablo Giovanni
postado em 18/08/2023 12:24 / atualizado em 18/08/2023 12:26

O ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Jorge Eduardo Naime, chamava os militares do Exército Brasileiro de “melancias”. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), o apelido era uma referência à farda verde e ao vermelho, uma forma de dizer que os militares eram adeptos à “ideologia política de esquerda”.

Na denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA), Carlos Frederico Santos, revela trocas de mensagens de Naime com outro coronel, Marcelo Casimiro. Em 2 de novembro, Casimiro informou a Naime que o fluxo de pessoas no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército havia aumentado consideravelmente — ele enviou vídeos e imagens retratando a situação.

Naime, então, se referiu aos militares do Exército como melancias. “Deixa os melancia se virar”, escreveu. O ex-comandante do DOP teria dito que a PMDF não deveria sequer ter feito bloqueio no acesso ao Setor Militar Urbano (SMU) para auxiliar o Exército, ressaltando que o ato teria decorrido de uma decisão do comandante-geral, coronel Fábio Augusto Vieira. “Deixa os melancia se virar. Eu não tinha feito nem o bloqueio na estrada”, escreveu Naime.

A mensagem foi enviada no contexto de que as Forças Armadas não teriam agido de maneira a facilitar a permanência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no cargo.

Prisão

Naime está preso desde 7 de fevereiro, após ser alvo da operação Lesa Pátria, da PF. Na Academia de Polícia, em 13 de julho, Naime passou mal e o médico que o atendeu, no HBDF, aferiu a pressão do oficial e constatou que estava baixa, de 6 por 4. O clínico decidiu, então, ajustar a dosagem do remédio que o coronel toma para pressão. Ele tem um quadro pré-diabético e toma um remédio antidepressivo. O coronel foi denunciado pela PGR, na quarta-feira (16/8), pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM.

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