
A empregada doméstica Oscelina Moura Neves de Oliveira, 45 anos, foi baleada pelas costas enquanto tentava fugir. A informação é do marido de Oscelina, Davi Roque Ribeiro. Ela é uma das três pessoas baleadas pelo delegado da Polícia Civil (PCDF) Mikhail Rocha e Menezes, na manhã desta quinta-feira (16/1), durante um suposto surto do policial, que estava lotado na 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião).
De acordo com Davi, a esposa foi alvejada na região próxima ao abdômen e teve graves complicações. “A bala perfurou o rim, que precisou ser retirado, além de atingir o estômago e o intestino, causando contaminação interna”, relatou, emocionado. Oscelina foi socorrida no Hospital de Base. Segundo Davi, ela segue entubada em estado grave, e os médicos ainda não descartam a necessidade de novos procedimentos.
Dinâmica do crime
Oscelina trabalhava há cerca de quatro anos na casa do delegado, localizada no Residencial Santa Mônica, no Setor Habitacional Tororó. No dia do ataque, ela havia iniciado as atividades de rotina quando presenciou o suposto surto do delegado. Além de Oscelina, estavam na residência a esposa de Mikhail, Andréa Rodrigues Machado e Menezes, de 40 anos, e o filho do casal, de 7 anos.
De acordo com o relato do marido da empregada doméstica, Oscelina tentou fugir ao perceber o comportamento violento de Mikhail. “Ela estava nos fundos da casa, próxima à piscina, e acredito que estava tentando sair da cena, mas não conseguiu ir mais longe e caiu ali mesmo”, detalhou Davi. Oscelina foi atingida pelas costas, e o projétil atravessou seu corpo, saindo pelo abdômen, causando múltiplos ferimentos internos.
Enquanto Oscelina lutava pela vida, a esposa do delegado também foi baleada. Andréa, assim como a empregada doméstica, teve ferimentos graves e está internada sob cuidados intensivos. A empregada doméstica foi socorrida pelo marido.
Histórico de surtos
O delegado Mikhail Rocha e Menezes estava afastado de suas funções havia cerca de 30 dias devido a problemas de saúde mental. Segundo relatos de pessoas próximas, ele vinha apresentando sinais de desequilíbrio emocional há algum tempo.
Davi Roque Ribeiro confirmou que Oscelina já havia presenciado episódios de comportamento agressivo do delegado anteriormente. Em uma ocasião, Mikhail teria surtado na presença de Oscelina e de seu filho, mas a empregada doméstica conseguiu acalmá-lo e contornar a situação. No entanto, dessa vez, o descontrole resultou em tragédia.
Ainda segundo familiares e colegas, Mikhail era conhecido por tratar bem sua equipe e os que conviviam com ele, o que torna o ocorrido ainda mais inesperado. “Ele nunca deu sinais de que algo assim poderia acontecer. Sempre foi respeitoso e tranquilo com todos”, afirmou Davi.
Após balear Oscelina e Andréa, Mikhail seguiu para o Pronto-Socorro do Hospital Brasília, no Lago Sul, com o filho. Lá, durante uma discussão com funcionários, ele atirou na enfermeira Priscilla Pessôa Rodrigues, de 45 anos, que permanece hospitalizada em estado estável. O delegado foi preso pela Polícia Militar e conduzido à Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal.