Homenagem

Despedida marcada por honras militares para o policial que morreu em incêndio

O velório e enterro de Adriano Damásio foi ontem, em Brazlândia, e contou com a presença da PMDF, do CBMDF e da vice-governadora Celina Leão. Após salvar várias pessoas, o policial militar morreu num incêndio em um hotel em Maceió, onde estava hospedado com a família

Adriano Damásio, 44, morreu após inalar fumaça enquanto resgatava pessoas de um incêndio em Maceió -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Adriano Damásio, 44, morreu após inalar fumaça enquanto resgatava pessoas de um incêndio em Maceió - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

"Pessoa excepcional, policial exemplar, extremamente dedicado ao serviço." Assim o policial militar do Distrito Federal Adriano Damásio Lopes, 44 anos, que morreu após inalar fumaça enquanto resgatava pessoas do incêndio que atingiu o hotel onde estava hospedado com a família, em Maceió, é descrito pelo colega de farda major Marcos Henrique Gonçalves. Ontem, o PM foi velado e enterrado, com honras militares, no cemitério Campo da Esperança de Brazlândia, onde nasceu e cresceu.

Mais de 250 pessoas compareceram à cerimônia. A comoção podia ser percebida de longe. Idosos e crianças choravam com o mesmo semblante — de quem perdeu alguém que, certamente, jamais poderá ser substituído. 

Um cortejo fúnebre, da administração de Brazlândia ao cemitério da cidade, marcou o início do velório do militar. A procissão começou às 14h e o velório ocorreu em seguida. Às 16h30, o sepultamento foi marcado por uma chuva de pétalas sobre o túmulo, em homenagem feita pela aeronave Fênix, do Batalhão de Operação Aviação (BAvOp).

Com a voz embargada, major Gonçalves mal conseguia falar sobre o amigo, com quem trabalhou por oito anos. "São oito anos convivendo com ele diariamente. Ele era uma pessoa excepcional, policial exemplar. A gente convivia todo dia. Adriano era extremamente dedicado ao serviço. É uma perda muito grande, e não falo como chefe dele, mas como amigo", disse, em meio às lágrimas. 

Pai da esposa do policial, Estefanie Fernandes, Marinelson Fernandes de Oliveira, 60, declarou que, para ele, o genro era como um filho. "Adriano sempre foi um homem muito cauteloso, zeloso com a família em todos os sentidos, tanto no âmbito financeiro quanto na educação da filha de 9 anos. Era um cara muito sincero e sensato. Para mim, fica a dor, mas, ao mesmo tempo, a satisfação de poder ter convivido com ele durante esse tempo", declarou. 

Marinelson afirmou que a dor é inevitável, mas que tenta permanecer forte para apoiar a filha e a neta. "A gente não tem palavras para descrever. Ele é muito mais do que eu posso te dizer, não é à toa que aconteceu o que aconteceu. Ele podia ter sido extremamente egoísta, como já tinha saído com a esposa, a sogra e a neta, podia ter ido embora, mas não, ele insistiu", completou dizendo que o genro era uma pessoa boa, que gostava de ajudar. 

No velório, a esposa do militar estava muito abalada e permaneceu dentro da capela até o momento do enterro. Segundo Marinelson, Estefanie e a mãe ainda tomam algumas medicações, por terem inalado fumaça, mas, para ele, o maior prejuízo foi para o psicológico delas, que está extremamente abalado. 

Antes de o caixão ser fechado, os militares formaram um corredor, fizeram saudações e dispararam uma salva de tiros. Alguns familiares discursaram para agradecer o apoio dos parentes, amigos e, especialmente, às forças de segurança. Como reconhecimento pelo profissionalismo, Adriano foi honrado com uma promoção post mortem e se tornará primeiro-sargento da corporação. O militar ingressou em 2003 e era lotado no Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran).

Apoio 

Presente no velório, a vice-governadora Celina Leão (PP) declarou que o militar deve ser lembrado como um herói e assegurou que o Governo do Distrito Federal (GDF) dará todo apoio à família.Celina disse que o GDF está dando suporte desde que a notícia da morte do militar foi divulgada. "Todo o suporte foi dado para o traslado e aqui (DF) também, mas a gente faz questão de estar presente, porque nós queremos honrá-lo", disse.

Em seu discurso, a vice-governadora elogiou a Polícia Militar do DF (PMDF). "Adriano foi um herói e morreu como herói. Ele representa tudo o que a gente acha da nossa PM. Uma polícia realmente capaz de saber o seu papel, independentemente de onde esteja. Ele estava de férias, com a família, é um depoimento muito forte. Então, nós viemos aqui hoje para prestar as últimas homenagens em nome do governo e do nosso governador (Ibaneis Rocha) também", completou.

 

O incêndio

O caso ocorreu na madrugada da última quinta-feira. O sargento estava hospedado com a família em um hotel em Pajuçara, Maceió (AL). Segundo o Corpo de Bombeiros do Estado de Alagoas (CBMAL), o incêndio começou no 6° andar do edifício, onde Adriano estava com a família.

O militar ajudou no resgate das vítimas, mas ficou desacordado devido à inalação de fumaça, sofreu uma parada cardíaca e faleceu no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele foi encontrado inconsciente no apartamento 603, localizado no sexto andar do hotel.

Investigações preliminares apontam que uma pane em um aparelho de ar-condicionado pode ter causado o incêndio. O problema teria provocado um curto-circuito e dado início às chamas. 

  • Adriano Damásio deixa a esposa e uma filha de nove anos
    Adriano Damásio deixa a esposa e uma filha de nove anos Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • A cerimônia foi marcada por honrarias militares
    A cerimônia foi marcada por honrarias militares Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • O sepultamento foi marcado por uma chuva de pétalas sobre o túmulo, em homenagem feita pela aeronave Fênix, do Batalhão de Operação Aviação (BAvOp)
    O sepultamento foi marcado por uma chuva de pétalas sobre o túmulo, em homenagem feita pela aeronave Fênix, do Batalhão de Operação Aviação (BAvOp) Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Letícia Guedes
postado em 19/01/2025 06:00
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