
O delegado Mikhail Rocha, acusado de balear a esposa, a empregada doméstica e uma enfermeira em janeiro deste ano, chegou a ser promovido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A mudança de classe funcional, com impacto financeiro, foi publicada no Diário Oficial do DF na última sexta-feira (18/7). No entanto, após questionamentos, a corporação informou que o nome do delegado foi retirado do decreto nesta quinta-feira (24/7).
Lotado na delegacia de São Sebastião, Mikhail protagonizou um dos crimes de maior repercussão no início do ano. De acordo com o Portal da Transparência do GDF, ele recebia salário de cerca de R$ 23 mil mensais antes mesmo da promoção.
Durante agenda pública nesta quinta-feira (24/7), o governador Ibaneis Rocha foi questionado sobre o caso. “Geralmente a documentação enviada pela Secretaria de Segurança Pública vem conferida, mas vamos revisar a situação junto ao secretário Sandro Avelar”, afirmou.
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O crime
Na manhã de 16 de janeiro, por volta das 9h, Mikhail atirou contra a esposa, Andréa Rodrigues Machado, 40 anos, e contra a funcionária da casa, Oscelina Moura Neves de Oliveira, 45. As vítimas estavam na cozinha da residência da família, localizada no condomínio de luxo Santa Mônica, no Jardim Botânico.
Após os disparos, o delegado deixou o local levando o filho de 7 anos e o cachorro da família. Por volta das 10h, ele foi visto no shopping Gilberto Salomão, onde entrou em uma loja com o menino e o animal. Segundo relatos, tentou fazer uma ligação do telefone da loja e demonstrava comportamento estranho, mas não permaneceu por muito tempo no local.
Em seguida, foi até o Hospital Brasília, a cerca de dois quilômetros do shopping. Testemunhas e fontes policiais informaram que ele entrou na unidade com duas armas em mãos, acompanhado do filho e do cachorro. Visivelmente alterado e confuso, exigiu atendimento imediato para a criança e chegou a ameaçar os profissionais de saúde.
Durante o atendimento, a enfermeira Priscila Pessoa, chefe do pronto-socorro, saiu para dialogar com ele. Mikhail alegou que o filho sentia dores abdominais e apresentava sintomas psicológicos. Ao ser questionado sobre a real necessidade de atendimento, disse que havia atirado “em um robô” e, em tom ameaçador, afirmou que contaria até cinco antes de disparar. Após contar até três, atirou contra Priscila, atingindo-a no pescoço e no ombro.
Ainda dentro da unidade, o delegado entrou em um consultório e, em seguida, deixou o hospital como se nada tivesse ocorrido. Ele foi localizado e preso no mesmo dia por uma equipe do Patamo (Patrulhamento Tático Motorizado) da Polícia Militar, que apreendeu as duas armas de fogo usadas no crime.
Defesa
A reportagem entrou em contato com a defesa do delegado, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. O espaço permanece aberto para manifestação.
Cidades DF
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