
O céu limpo da tarde desta quinta-feira (31/7) contrastava com o silêncio denso de uma despedida. O último adeus à Cheryla Carvalho de Lima, de 43 anos, ocorreu no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga e reuniu cerca de 50 pessoas, entre familiares e amigos. Em silêncio, lágrimas e abraços denunciavam a dor que as palavras jamais irão alcançar. “Nós éramos cinco. Morreram três. Hoje, somos só dois irmãos”, disse o irmão de Cheryla, Fábio Carvalho de Lima, de 44 anos.
Ela era mãe de quatro filhos, era irmã, amiga e também vizinha presente, daquelas pessoas que a falta é sentida. “Ela era minha melhor amiga, como irmã pra mim. Alegre, generosa, gostava de estar com a gente, de viver. Todas as lembranças que tenho são boas”, lembrou Izys Lacerda, 47, melhor amiga de Cheryla.
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No velório, a comunidade de Samambaia se fez presente. Conhecida no bairro, ela deixou marcas por todos os lugares que passou. “Ela foi uma pessoa muito importante, que vai fazer falta pra comunidade de Samambaia e para tantos que a conheceram”, disse Sanielson Freire, 41, promotor de eventos e amigo da família.
O irmão recorda que, ao lado dela, não tinha tempo ruim. “Ela era muito ‘coração', do tipo que achava que tudo estava bom. Nunca reclamava, era simples, pé no chão”, contou. Enquanto sonhava em seguir a vida ao lado dos filhos, Cheryla foi interrompida.
Entre os abraços de despedida, também surgiram palavras de indignação e pedidos por justiça. “Nesse caso, a Justiça não adianta. Foi uma crueldade. Ele vai estar lá, sobrevivendo, e ela vai estar longe da família, longe dos amigos. Um dia ele vai ver a família dele de novo, a gente não”, desabafou Izys.
Cheryla faz parte de uma estatística cruel. Apenas em 2025, o Distrito Federal já registrou 13 casos de feminicídio, um aumento de 50% em relação ao ano anterior. O caso dela foi o mais recente, ocorrido nesta terça-feira (29/7), em Samambaia.
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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