
A Mega-Sena voltou a acumular. O prêmio a ser sorteado, hoje, está estimado em R$ 65 milhões. A chance para os brasilienses mudarem de vida. A aposentada Maria do Socorro, que não quis dizer a idade, é uma apostadora de longa data: "Jogo desde 1992, toda semana. Tenho os números decorados e só jogo aqueles", explicou. Apesar da experiência, ela mantém a cautela quanto a gastar nas apostas. "Separo um valor só para meus jogos, mas tem que ter controle, conheço gente que gastava o salário completo em apostas", afirmou.
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Inácio Ferreira, de 72 anos, concorda. "Eu jogo há mais de 10 anos e nunca tive problema com meus gastos, porque me planejo e organizo para isso, mas um colega precisou parar, porque gastava todo o dinheiro da família apostando", ressaltou o também aposentado.
Especialistas advertem que, mesmo diante de prêmios altos, é fundamental evitar gastos excessivos com apostas. O jogo simples de seis números da Mega-Sena custa R$ 6, e a probabilidade de acertar as seis dezenas é de apenas uma em 50 milhões, segundo a Caixa Econômica Federal.
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A psicóloga clínica e neuropsicóloga especialista em equilíbrio emocional, Juliana Gebrim explica que a expectativa do prêmio ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação. "Mesmo sabendo que a chance é mínima, a sensação de possibilidade fala mais alto do que a lógica matemática. É isso que faz muitas pessoas continuarem jogando", afirmou.
O problema surge quando o hábito se transforma em compulsão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,2% da população adulta mundial sofre de transtorno de jogo, e 5,5% das mulheres e 11,9% dos homens em todo o mundo apresentam algum nível de dano associado às apostas. Os impactos vão além do indivíduo: para cada pessoa em risco, até seis outras são afetadas indiretamente, enfrentando problemas como estresse financeiro, rompimento de relacionamentos e até violência familiar.
"Alguns sinais de alerta são gastar dinheiro destinado a contas básicas, esconder o valor investido da família ou sentir ansiedade quando não aposta. O ideal é definir um limite fixo, encarar como lazer e nunca usar dinheiro comprometido", alertou Juliana.
Para a especialista, a rápida digitalização e a facilidade de apostar pelo celular aumentam os riscos, especialmente para jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade social. "É importante encarar o jogo como entretenimento, e não como uma forma de ganhar dinheiro. Se houver dificuldade em controlar, buscar apoio psicológico pode ser essencial para evitar que se transforme em compulsão", destacou.
Entre o sonho e o risco, a recomendação é clara, jogar pode ser divertido, mas precisa ter limite. O sorteio será realizado, hoje, às 20h (horário de Brasília), com apostas abertas até as 19h em lotéricas, site e aplicativo da Caixa.
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